Geraldo José Marques Pereira (1944-2015)
O inquieto médico fez poesias internado na UTI
Geraldo Pereira passou os últimos dias de vida internados na UTI, o que não o impediu de fazer uma das coisas de que mais gostava: escrever poesias --mesmo que mentalmente, já que não podia segurar caneta e papel. Guardava na memória uma para a mulher, Zaina.
Conta ela que o inquieto marido não parava de pensar nem enquanto dormia. Costumava acordar cheio de ideias.
Filho do escritor e jornalista Nilo Pereira, foi criado no Recife em um fértil ambiente literário. Gilberto Freyre era um dos intelectuais que frequentavam sua casa.
Apesar da influência, Geraldo não se dedicou integralmente à literatura. Era médico e professor da UFPE (Federal de Pernambuco), onde chegou a ser vice-reitor. Também fundou o Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social da instituição, um de seus maiores orgulhos.
Paralelamente, mantinha um blog de crônicas ("Uma página especialmente dedicada à poética dos sentimentos e à prosa das lembranças") e publicava livros, que o levaram, em 2011, à cadeira nº 16 da Academia Pernambucana de Letras, outrora ocupada por seu pai.
Integrou ainda o Conselho Estadual de Cultura e foi membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores e da Academia Pernambucana de Medicina, a qual presidiu.
Excelente contador de causos, era engraçado e adorava brincar, quando conveniente.
Morreu na quinta (29), aos 70, de problemas pulmonares. Deixa Zaina, as filhas, Fabiana, Patrícia e Ana Carolina, e os netos, Pablo e Júlia.