Edgardo Rodrigues Xavier (1922-2015)
O português dedicou-se às livrarias
O português Edgardo Xavier gostava de fado, e também de literatura francesa. Levou isso --e mais músicas e muitos outros livros-- para Porto Alegre, cidade que adotou depois de breve passagem pelo Rio de Janeiro.
Apesar de contador, chegou ao Brasil para trabalhar na área cultural da Embaixada da França na capital fluminense. Mais tarde, foi convidado para seguir em direção ao Sul e gerenciar uma livraria francesa --chamada Leonardo da Vinci--, que acabaria comprando.
Ao lado de mais 12 livreiros, fundou, em 1955, a Feira do Livro de Porto Alegre.
Era o último ainda vivo dessa geração, que se reuniu em uma praça no centro para vender obras com 20% de desconto. A ideia era mais de uma confraria cultural do que um evento comercial.
Edgardo participou de 59 das 60 edições do evento --nos últimos anos, como sócio honorário. Só não foi à feira do ano passado devido aos problemas pulmonares.
Poucos dias antes de morrer, na segunda (9), aos 92, ainda recebia amigos que buscavam lançamentos literários. Mesmo depois de fechar sua última livraria, a Novo Rumo, o português continuou a vender em casa alguns exemplares, mas apenas para os "mais chegados".
Como socialista que era, defendia que todos tivessem acesso à cultura. Foi "mais ideólogo que comerciante".
O fã de Fernando Pessoa deixa Jurema, as filhas, Marie Anne e Ana Paula, do primeiro casamento, e seis netos.
A missa do sétimo dia será na Quarta-Feira de Cinzas (18), às 18h, na Catedral Metropolitana de Porto Alegre.