Nenhuma escola surge como favorita no RJ
Mesmo cotadas ao título, como Salgueiro, Beija-Flor, Imperatriz e Tijuca, tiveram pontos baixos nos desfiles
Mangueira, Vila Isabel e Grande Rio arriscaram pouco; apuração será nesta quarta-feira (18), a partir das 16h45
Nenhuma escola de samba do Rio chega favorita à apuração nesta quarta (18). Explica-se: todas as cotadas ficaram no "quase".
Salgueiro, Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense e Unidos da Tijuca fizeram apresentações praticamente perfeitas do ponto de vista técnico. Mas isso pode não bastar.
O "quase" do Salgueiro foi o samba fraco, que destoou de sua tradição. A escola se apoiou na eficiência do carnavalesco Renato Lage, quatro vezes campeão.
Bonita mas sem empolgar, a Beija-Flor exibiu duas marcas suas: desfile preciso e tema africano. O seu "quase" é o patrocínio da Guiné Equatorial, país que vive desde 1979 sob a ditadura de Teodoro Obiang Nguema, acusado de assassinatos, prática de tortura e evasão de divisas.
Os jurados não devem ficar imunes a isso.
A Imperatriz uniu luxo com mensagem política. O enredo sobre África e racismo foi o mais contundente. Mas, à moda de Carnavais dos anos 1980 e 1990, confundiu beleza com excesso de peso, abusando das fantasias quentes.
Sem Paulo Barros, que lhe deu três títulos nos últimos cinco anos, a Unidos da Tijuca desfilou com precisão adequada ao enredo sobre a Suíça. Mas o tema frio e o péssimo samba podem ser fatais.
A maior expectativa recaía sobre a Portela, dona de 21 títulos e há 31 anos sem vencer. Ela assumiu sua atual fama de chapa-branca --por ter o prefeito Eduardo Paes como torcedor-- e homenageou os 450 anos do Rio.
O carnavalesco Alexandre Louzada optou por viés surrealista. O Cristo Redentor, por exemplo, ganhou cabeça e asas de águia, símbolo da escola, e o Pão de Açúcar virou uma sereia. Também apostou em algo pouco afim à tradição portelense: a tecnologia. Alegorias contaram com telas de LED e drones.
O "quase" derivou da aposta: luzes não acenderam em carros como o do Jardim Botânico e em fantasias. Pontos serão descontados.
A União da Ilha oscilou entre rir de seu tema, a beleza, ou levá-lo a sério. Começou pesada, mas cresceu no desfile, com as sátiras à moda.
O carnavalesco Alex de Souza, assim como Paulo Barros, prefere fragmentos que impressionem a um todo bem realizado. Não foi tão feliz quanto em 2014, quando a Ilha chegou em quarto.
Barros, na estreia na Mocidade Independente, não arrancou nenhum "oh!" da plateia. O máximo de ousadia foi pôr pessoas seminuas em alegorias. Como ele é o astro dos desfiles hoje, pode até disputar o título, mas o trabalho em 2015 foi um grande "quase".
Mangueira, Vila Isabel e Grande Rio arriscaram pouco. O encanto maior coube à São Clemente, em que a heptcampeã Rosa Magalhães conciliou leveza e elegância ao homenagear seu mestre Fernando Pamplona, carnavalesco crítico do gigantismo das escolas.
Tendo desfilado sob temporal, a Viradouro deve ser rebaixada.