Carnaval 2015
Construtoras financiaram desfile, diz Beija-Flor
Empresas brasileiras não confirmam ação
O desfile campeão da Beija-Flor de Nilópolis sobre a Guiné Equatorial foi financiado por empresas brasileiras de construção civil, segundo um dos carnavalescos da escola, Fran-Sérgio Oliveira. Duas dessas empreiteiras têm negócios no país africano.
A versão foi confirmada em nota pelo Departamento de Informação e Imprensa do governo da Guiné Equatorial e visa a amenizar a polêmica em torno do patrocínio.
Até então, circulava a informação de que o próprio governo teria bancado o enredo com R$ 10 milhões, segundo o jornal "O Globo" --a escola não confirmava o valor e o governo negava tê-lo pago.
A Guiné Equatorial vive uma ditadura comandada há 35 anos por Teodoro Obiang.
Fran-Sérgio mencionou as empreiteiras Odebrecht, Queiroz Galvão e o Grupo ARG. As duas últimas atuam no país africano. Na nota, o governo não cita nomes.
Procurada, a Odebrecht negou o patrocínio e disse que não atua na Guiné.
A Queiroz Galvão informou que não se manifestaria. No site oficial da empresa, a Guiné Equatorial é descrita como um dos "países definidos como prioridades estratégicas".
Já o Grupo ARG não respondeu à reportagem. No site dele, consta a construção de duas rodovias no país.
A empreiteira obteve financiamento de US$ 11 milhões com o BNDES para projetos na Guiné Equatorial. O empréstimo já foi quitado.
Para o principal ativista de defesa dos direitos humanos na Guiné Equatorial, a Beija-Flor está ajudando a "lavar" a imagem do ditador.
"A ditadura do presidente Obiang está sempre ansiosa por oportunidades como essa para mascarar sua repressão aos direitos humanos", afirma Tutu Alicante, diretor-executivo da ONG EG Justice, que está exilado nos EUA.
"Enquanto muita gente no meu país não tem acesso a água, educação, saúde ou comida, funcionários do governo estão em um dos hotéis mais caros do Rio", diz.