Maria Porfíria de Jesus (1910-2015)
Centenária, cuidou do lar até o fim
Foram poucas as vezes em que, ao bater na porta da casa da mãe, Nadir a encontrou longe das louças, das roupas no varal ou da comida no fogo. Aos 105 anos, Maria Porfíria de Jesus insistia em se manter ativa, inspecionando cada detalhe do lar.
Dona Nenê, como era conhecida, morava sozinha em uma casa de três cômodos em Paraisópolis, na zona sul da capital paulista.
Quando a filha mais velha tentava dissuadi-la dos serviços domésticos, ela repetia que não sabia viver de outra forma. Habituou-se muito cedo ao trabalho --e dele não abriria mão até o fim da vida.
Natural da Bahia, chegou a São Paulo em 1997, após a morte do marido, para ficar perto dos filhos que moravam na capital. Seu desejo, porém, sempre foi voltar para Mutuipe (BA), cidade em que nasceu e cresceu ao lado dos quatro irmãos e onde se acostumou à labuta diária na terra.
Em 2013, apareceu na TV numa reportagem sobre a condição da neta, Marcia, que sofre de osteogênese imperfeita, conhecida como "doença dos ossos de vidro". Foi dona Nenê quem criou a menina, hoje com 35 anos.
Ela conta que o bom humor e a simpatia sempre foram marcas da avó. Mesmo nas últimas semanas, dona Nenê fazia piada dos médicos do posto de saúde, da preocupação dos filhos e de sua própria fragilidade. Para Marcia, sua vitalidade vinha da leveza com que encarava a vida.
Dona Nenê morreu no domingo (1º), de complicações de saúde decorrentes da idade. Deixa os filhos Nadir, José, Malina e Josuel, além de dezenas de netos e bisnetos.