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Museu do Futebol terá espaço dedicado a atletas mulheres a partir de maio
Quase sete anos após sua inauguração, o Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu (zona oeste de SP), irá contemplar o futebol feminino a partir de maio. Além disso, as frequentadoras têm entrada gratuita em todos domingos deste mês de março.
O museu também terá palestras mensais sobre a modalidade --uma delas comandada por Emily Lima, 34, primeira técnica mulher da CBF-- e exibirá os jogos da Copa do Mundo de futebol feminino, que acontece em junho no Canadá.
"O público pede há muito tempo informações sobre o futebol feminino", afirma Daniela Alfonsi, diretora de conteúdo do museu.
A ação também visa atrair mais mulheres ao museu. "Quando inauguramos, o público era 70% homens e só 30% mulheres", diz Daniela. "É espantoso, porque todos os outros museus da cidade têm mais público feminino do que masculino. Fizemos a pesquisa em 2013, e a diferença ainda é grande: 60% e 40%."
Emily Lima, que hoje treina o time São José, de São José dos Campos (SP), é otimista quanto ao futuro, mas faz ressalvas. "O esporte ganhou mais visibilidade por interesse de algumas pessoas, mas muitas atletas continuam sem clube e, quando jogam, não ganham um salário digno."
O novo acervo resgata a história da modalidade, que ainda não ganhou medalha de ouro olímpica nem Copa. Marta, única profissional eleita a melhor jogadora do mundo cinco vezes pela Fifa, e Formiga, que está na seleção há 20 anos --dois recordes jamais atingidos por nenhum jogador--, terão fotos que flutuarão em meio aos ídolos homens no museu.
Outras profissionais também estarão presentes, como Léa Campos, a primeira árbitra do mundo. Mineira, ela driblou a lei que proibia a participação das mulheres no futebol, que vigorou no Brasil entre 1941 e 1979.
"Fiz o curso de árbitra em 1967 e tive que brigar com a CBF por quatro anos para que me dessem o diploma", recorda. "A proibição falava sobre jogar, mas não mencionava apitar, e me apeguei nessa brecha", afirma.
Léa também lembra que, quando começou a apitar jogos, sofreu mais preconceito das próprias mulheres do que do mercado do futebol.
"Só tive um problema com a Federação Paulista, em 1972. Eles não permitiram que eu apitasse o amistoso entre Zaire e Portuguesa; disseram que futebol não era coisa de mulher. Falsa moral, pois deixaram uma bandeirinha posar nua [anos mais tarde]", completa Léa.