Oswaldo Bortoloti (1929-2015)
Ensinou o bate-bate da máquina de escrever
"Tem que ser tudo devagar, com calma. Não adianta você aprender a dirigir um fusquinha e já sair guiando uma Ferrari", costumava dizer Oswaldo Bortoloti aos ansiosos alunos do curso de datilografia.
Os trabalhos eram encerrados, depois de uma hora de aula, com um "vaaaamos parando" dito de forma um tanto engraçada por aquele homem de camisa clara de botões e calça escura (combinação que sempre usava).
Oswaldo ouviu o bate-bate de teclas de gerações de moradores da paulista Pirajuí e região. Metódico, fazia todos repetirem, em voz alta, a sequência "A, S, D, F, G"¦".
Em casa, a Olivetti Linea (que usou para datilografar colunas de jornal até há uns dez anos) ganhou a companhia do computador, que nunca tocava --era para os netos.
Não se conformava ao ver um dos filhos usando o notebook com apenas dois ou três dedos de cada mão --afinal, ele tinha aprendido a sequência de letras ainda na velha máquina de escrever.
Fazia jornada tripla com suas aulas de datilografia e no curso técnico em contabilidade, mais o trabalho como contador da prefeitura. Também embrenhou-se na política, que acabou abandonando a pedido da família.
De todas as funções que exerceu, orgulhava-se mesmo era de ter sido professor.
Entretinha os netos com fantásticas histórias de mulas sem cabeça, sucuris que pegavam onças, que comiam capivaras, numa mistura de causos e lembranças da infância vivida na zona rural.
Morreu na quinta (5), aos 85, debilitado por problemas renais. Deixa Augusta, com quem era casado desde 1962, três filhos e quatro netos.