Criticado, Haddad aposta em força-tarefa na periferia
Petista tenta se descolar da classe média e lança ação de zeladoria fora do centro
Provável adversária em 2016, Marta já criticou prefeito, cuja popularidade sofreu queda em pesquisa
Com popularidade em queda e sem grandes marcas para mostrar na periferia, a gestão Fernando Haddad (PT) tentará nesta segunda metade do mandato marcar terreno em regiões cujo predomínio petista está ameaçado.
O maior esforço para tentar reverter as críticas a Haddad fora do centro é uma força-tarefa chamada de "Prefeitura no Bairro" --que reúne diversas secretarias para oferecer ações de zeladoria (como poda de árvores), serviços (como emissão de carteiras de trabalho) e melhoria da sinalização.
O programa, que deve permanecer 15 dias em cada ponto, estreou neste mês no Grajaú, na zona sul da capital.
Com restrições financeiras para grandes obras e conhecido por marcas de baixo custo voltadas à classe média, como a implantação de ciclovias e parklets (mini-praças) e a liberação de food trucks (comidas de rua), Haddad já chegou a ser chamado por críticos de "prefeito gourmet".
Além da resistência ao PT em São Paulo, a rejeição à administração do prefeito disparou nos últimos meses, segundo pesquisa Datafolha. Em setembro, 28% consideravam sua gestão ruim ou péssima. Em fevereiro, eram 44%, contra 33% que a julgavam regular e 20%, ótima ou boa.
Entre as promessas de Haddad para a periferia que ainda patinam estão CEUs (Centros Educacionais Unificados), hospitais, creches e corredores de ônibus.
O tema já foi usado como munição pela ex-prefeita Marta Suplicy, prestes a sair do PT para tentar disputar a prefeitura em 2016, pelo PSB --contra Haddad, que deverá buscar a reeleição.
Em um evento na periferia promovido pela Câmara, Marta afirmou: "O tipo de gestão do Haddad aumenta a responsabilidade do vereador. Se o prefeito não sai [para percorrer os bairros], o vereador tem que sair".
"É uma crítica que o próprio PT faz ao Haddad", afirma o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV.
Para ele, com o desgaste do PT, a performance do próprio Haddad será fundamental para garantir sua reeleição. "Ciclovia virou um tema de classe média. Haddad precisará de outras marcas", avalia.
O petista rebateu as críticas em discurso no Grajaú.
Após concordar sobre a importância de "ir pra rua", Haddad ponderou: "Mas quem não gosta de gabinete não gosta muito do trabalho. Se você só ficar na rua, não está trabalhando. Está andando, só ganhando o povo na conversa, mas o resultado não vai aparecer. Tem que combinar o trabalho com a equipe e ouvir o povo para corrigir o teu trabalho de equipe".