Giovanna Catena Saccoletto (1928-2015)
A italiana elegante que casou por procuração
Sergio Saccoletto estava no Brasil, Giovanna Catena, do outro lado do Atlântico. A distância, porém, não se mostrou um empecilho para o casal italiano, que, no começo dos anos 1950, selou a união assim mesmo, por meio de uma procuração.
Enquanto o futuro marido tentava a sorte por aqui, a jovem escrevia cartas para matar as saudades (vindas de navio, as correspondências demoravam até 20 dias).
Quando Sergio se estabeleceu no ramo da iluminação (foi responsável pelo projeto da ponte Rio-Niterói e da catedral de Brasília), Giovanna veio ao encontro do amado, três meses após o casamento.
O começo foi um pouco difícil, já que a italiana não falava português nem conhecia os costumes daqui. Em casa, predominava o nhoque e o macarrão, além do vinho importado diretamente da vinícola da família Catena.
Logo, no entanto, teve de aprender a culinária local. Chefe de uma empresa, Sergio dava jantares para os executivos brasileiros, e ela, responsável pelo cardápio, tinha de agradar a todos.
Assim, acabou criando seus três filhos conforme os costumes da Itália e do Brasil.
Mantinha uma rotina regrada: levantava cedo, tomava café e lia a Folha, apesar de os netos insistirem para que ela se informasse pela internet --optava pela tecnologia só para falar com os parentes do velho continente.
Elegante que era, chegou a ser confundida, mais de uma vez, com a ex-primeira ministra inglesa Margaret Thatcher.
Morreu no dia 20, após levar um tombo em casa. Tinha 87 anos. Viúva, deixa os filhos, cinco netos e uma bisneta.