Para professor, chamariz tem efeito passageiro
O projeto de "incentivos motivacionais" é, para André Miguel, coordenador do estudo da Unifesp, o tratamento mais eficaz no mundo em manter a pessoa se tratando e em promover a abstinência.
"O usuário de drogas está fazendo escolhas erradas porque o cérebro dele está sendo controlado por efeitos e consequências puramente imediatas. Então, em vez de punir, a gente valoriza o comportamento adequado", diz.
Mas levar a estratégia para a cracolândia pode não ser eficaz por se tratar de uma população de rua em situação de miséria, diz o professor da Unifesp Dartiu Xavier da Silveira.
De acordo com o professor, o dinheiro pode ser um chamariz no começo, mas que não se sustenta a longo prazo. "A grande maioria recai porque a motivação do dinheiro não é suficiente para manter a abstinência. Se o indivíduo não organiza a vida dele para ter uma casa, um trabalho, não é suficiente."
A psicóloga Daniela Trigueiros, vice-presidente da Reduc (Rede Brasileira de Redução de Danos e Direitos Humanos), diz que o método pode funcionar para certos pacientes, mas questiona a iniciativa como melhor estratégia.
"Tem paciente que fica abstinente, mas ele pode se tornar deprimido, não sair mais de casa. Ou pode ter um usuário que consiga voltar para casa ou trabalhar, mas que não consiga parar de usar drogas. Não se pode dizer que não tenha tido sucesso."
"Se tirar o estímulo, será que as pessoas vão se manter abstinentes?", questiona ela.