Bernadette Pereira (1940-2015)
A secretária competente e sua irmã inseparável
Em 1969, a sorte sorriu para o pai de Bernadette Pereira: o bilheteiro de Cambedo, aldeia no norte de Portugal, não conseguiu vender parte de suas cédulas de loteria em São Paulo, onde vivia, mas uma delas acabou premiada.
Graças ao acaso, Dette, como era chamada pelos parentes, e sua irmã Olga saíram de casa para morar juntas. Foram felizes dividindo o mesmo teto por 30 anos. Antes, porém, a infância da paulistana nascida na zona sul não foi fácil.
Décima segunda entre quinze irmãos, começou a trabalhar aos 13 anos para ajudar na renda da família, contando comprimidos num laboratório de SP. Teve que abandonar o emprego aos 15 anos para cuidar da mãe doente.
Tempos depois, aprendeu a datilografar, o que lhe rendeu um emprego na administração da Associação das Emissoras de São Paulo. Ali, cultivou contatos e chegou à TV Excelsior, extinta em 1970.
Um dos advogados da rede de televisão se impressionou com a competência de Dette e a contratou como secretária. Ela juntou dinheiro e abriu uma loja de produtos para bebês, mas o confisco no governo de Fernando Collor (1990-1992) arruinou o negócio.
Voltou a trabalhar em escritórios. Muito respeitada, era procurada por seus conselhos. Simples, mas sempre na moda, não saia de casa sem passar batom. O otimismo era outro traço, inspirando a todos.
Em 2009, sofreu um derrame, quatro dias antes de completar 68 anos. Olga tornou-se cuidadora de Dette, que sofria com a paralisia e morreu no dia 27, aos 74 anos, após parada cardíaca. Deixa seis irmãos, 42 sobrinhos, sobrinhos-netos e sobrinhos-bisnetos.