Foco
Monociclo elétrico ganha calçadas e ruas de São Paulo
Equipamento de uma roda e sem guidão tem alcance de 23 km e custa cerca de R$ 3.000
Da casa de Rogério Bueno dos Santos, 47, na zona norte de São Paulo, Rafaella, 14, e Renata, 10, partem se equilibrando sobre uma roda.
Vão à padaria, não são equilibristas. Fazem parte da cerca de duas dúzias de paulistanos que se deslocam pela cidade com um monociclo elétrico, sem selim.
"Comprei um em dezembro, de presente de Natal, para minhas duas filhas, mas elas adoraram e já estava saindo até discussão entre elas para ver quem andaria por mais tempo. Acabei comprando outro", diz o comerciante.
Não foi o suficiente. Para acompanhar as meninas foi preciso ainda um terceiro, para ele. Cada um custa cerca de R$ 3.000.
O Airwheel --nome oficial do monociclo-- pesa 11 quilos e se move de acordo com a inclinação do corpo. A velocidade máxima é de 18 km/h e a autonomia da bateria é de 23 quilômetros.
"No começo foi bem difícil aprender a andar, minhas filhas sofreram um pouco. Passaram uns três dias treinando até que pegassem o jeito", afirma Rogério.
Durante a semana, o veículo é usado pelas meninas para pequenas distâncias. "Só não uso para trabalhar porque trabalho longe de casa e não tem como ir de monociclo, senão iria", diz.
Nos finais de semana, porém, é comum ver os três pelas ruas em distâncias maiores. "Usamos muito as ciclovias", diz Rogério, que revela também a preferência pelas calçadas da avenida Paulista e da praça Charles Miller, no Pacaembu.
OCUPAÇÃO
Rogério, Rafaela e Renata repetem assim o que skatistas já fazem --ocupar as ciclovias da cidade.
"Existe um desejo muito latente na cidade, e a gente vê: qualquer infraestrutura que você põe na cidade vira uma infraestrutura que as pessoas querem ocupar", diz Suzana Karagiannidis, do Departamento de Planejamento Cicloviário da CET.
"Aí fica a história: para quem? As ciclovias estão despertando isso, todo mundo quer circular nelas. É o skatista, é o cara de patins...", completa ela.
O analista de mídias sociais Emanuel Takahashi Farias, 38, usa a ciclovia da República para ir ao trabalho.
Funcionário da Câmara, ele reduziu o tempo de deslocamento de 50 minutos a pé para 10 minutos se equilibrando sobre o monociclo.
Parte do trajeto ele faz pela calçada mesmo. "Acaba se tornando uma extensão da gente. Faço tudo aqui pelo centro com ele", afirma.