Cláudio Dantas Mendes (1941-2015)
Acumulador cauteloso de objetos e papéis
"Vou guardar, de repente eu preciso mais tarde." Foi assim que Cláudio Dantas Mendes conseguiu acumular objetos como chaves, cadeados, óculos, cartas e documentos durante toda uma vida.
Sua mulher Luiza cita 18 óculos e mais de cem chaves e cadeados, por exemplo. Ela diz que, recentemente, descobriu na gaveta do marido contas de luz e água de uma casa vendida há mais de 30 anos.
"Eu estou aqui perdida com o tanto de papel que esse homem guardava."
A profusão de óculos em casa entrega uma das paixões de Cláudio: a leitura. "Não sei o que fazer com a biblioteca que sobrou aqui em casa", conta a mulher. No acervo, predominavam livros de política e religião.
A arte de acumular coisas foi a única atividade não compartilhada com Luiza, com quem completaria 40 anos de casamento neste ano. De uma ida à feira em busca de frutas e verduras até uma consulta no médico, lá iam os dois, sempre juntos.
Filho de um sapateiro português e de uma dona de casa alemã, teve uma infância simples. Estudou só o antigo primário até começar a trabalhar para ajudar a família.
Foi torneiro mecânico e taxista antes de passar em um concurso público do Estado de SP, onde trabalhou por 16 anos como motorista da secretaria estadual da Saúde.
"Ele não faltava no serviço nem doente, era muito responsável", diz Luiza. Também funcionária pública, ela lembra com saudade das várias viagens para colônias de férias antes de se aposentarem.
Morreu no dia 2, aos 74 anos, vítima de uma pneumonia. Deixa a mulher e a irmã.