Protesto em Osasco cobra 'justiça e paz' após chacina
Mãe de só uma das vítimas compareceu
Em frente ao bar no Jardim Munhoz Junior, em Osasco, onde oito pessoas foram mortas na chacina mais violenta do ano na Grande São Paulo, um protesto com cerca de 50 pessoas pedia justiça e paz na tarde deste domingo (16).
Na calçada em frente ao bar, estavam dispostas fotos das vítimas. Havia também flores, uma garrafa de cerveja e um copo –homenagem de Zilda Maria de Paula para seu filho, Fernando Luiz de Paula, 34, um dos mortos.
Embora os familiares das outras vítimas tenham sido chamados, Zilda foi a única a comparecer no ato "Contra o Genocídio na Periferia", convocado pela UEO (União dos Estudantes de Osasco). Igor Gonçalves, 19, presidente da entidade, disse à Folha que os parentes agradeceram, mas muitos não quiseram participar por medo.
O protesto teve apoio de outros movimentos e começou por volta das 15h30 com palavras de ordem, cobrança por investigação e críticas à gestão Geraldo Alckmin (PSDB) –devido à violência e à atuação da polícia na periferia das cidades.
Entre os gritos entoados por manifestantes, o de maior coro era "Chega de chacina, eu digo fora PM assassina".
Uma mulher que não quis se identificar disse não saber em quem confiar. "Chocou o fato de matar muita gente inocente. As pessoas estão revoltadas, mas com muito medo de sair de casa ou de levar os filhos na escola", conta. "Quando acabar o ato aqui o que vai acontecer? O silêncio vai voltar", diz ela.
O movimento de pedestres e veículos diminuiu desde quinta-feira (13), quando 18 pessoas morreram e seis ficaram feridas nas cidades de Osasco e Barueri em um intervalo de três horas.
LUTO PACÍFICO
Nesta semana, no entanto, a comunidade pretende sair de casa. Uma missa de sétimo dia está sendo planejada por Zilda, mãe de uma das vítimas. Será na quinta (20), às 19h, em frente à igreja Nossa Senhora do Desterro.
Zilda afirmou que vai pedir à prefeitura o fechamento da via para evitar confusão. "Estou aceitando a morte do meu filho, mas não como foi. Quero fazer algo civilizado, para não dar motivo para a polícia reprimir."