David Abuhab (1926-2015)
Dedicado realizador de palavras cruzadas
As palavras cruzadas de jornais eram objeto de especial predileção de David Abuhab. O entusiasmo e dedicação eram compartilhados com a mulher. Se um não conseguia terminar, o outro ajudava na tarefa, lembram as filhas do casal.
O jornal, aliás, era seu companheiro inseparável –reclamava quando tiravam os cadernos da ordem correta. "O jornal é um livro", dizia David, que durante muitos anos foi dono de uma malharia no Bom Retiro, região central de São Paulo.
Pé de valsa, era fã de tango –não só dançava, como também cantava. Conheceu a mulher em um baile de véspera do Dia de São Pedro, no início da década de 1950. Foi amor à primeira vista e 62 anos de casamento.
O pai de David era um caixeiro viajante libanês que veio tentar a vida na América. A 1ª Guerra Mundial (1914-1918) o separou da mulher, que ficara no Líbano com os quatro filhos. Só se reuniram após o fim do conflito –David era o caçula da outra leva de quatro filhos, nascidos em Santos, no litoral paulista.
As aulas de caligrafia do rígido colégio santista Escolástica Rosa lhe renderam uma escrita à mão tão bela que, depois de anos, já pai, redigia trabalhos de escola em cartolina para os filhos.
Veio para São Paulo aos 17 anos. Formou-se torneiro mecânico e teve uma padaria antes da malharia. O Tietê ainda era limpo quando David nadava no rio –a natação era seu esporte preferido.
Morreu no dia 10, aos 89 anos, após falência de múltiplos órgãos. Deixa a mulher, quatro filhos, dez netos e sete bisnetos.