Marcelo Min (1969-2015)
Fotógrafo em busca de tamanduás
Os dois jornalistas descansavam nas proximidades da cachoeira Casca d'Anta, na pequena São Roque de Minas (MG), local da nascente histórica do rio São Francisco.
Era 2001, e a dupla acabara de iniciar uma viagem de um mês para reportagem desta Folha que retratou os personagens por trás do rio descoberto por Américo Vespúcio 500 anos antes.
De repente, o fotógrafo Marcelo Min percebeu a aproximação de um tamanduá com seu filhote no colo. Geralmente arredio, o animal chegou perto de Marcelo e seu colega, o repórter Fabio Murakawa. O episódio chamou a atenção do fotógrafo, lembra Fabio. A partir de então, a cada cidade pela qual passavam, um golpe de sorte os colocava frente a frente com boas histórias no momento certo. "Esse é o nosso tamanduá daqui", dizia o fotógrafo.
Foi assim quando encontraram um caminhão em Manga (MG) que despejou 50 boias-frias na frente da dupla. Ou quando cruzaram o caminho de três sertanejos que não comiam há três dias.
Colegas lembram da paciência que tinha de esperar a foto acontecer. Adorava clicar o centro de São Paulo, cidade onde nasceu e morou até o fim. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, foi colaborador da Folha nos anos 2000. Atualmente, fotografava para revistas da editora Globo. Com a mulher, Luciana, escreveu o livro "Parto com Amor" –era um defensor do parto humanizado.
Tardiamente, aprendeu a andar de patins, e dizia que eles "salvaram sua vida".
Morreu no dia 27, aos 47 anos, após sofrer um aneurisma cerebral. Deixa a mulher, dois filhos, a mãe e a irmã.