Ação preventiva será retomada, diz Beltrame
A partir do próximo fim de semana, a Polícia Militar do Rio vai voltar a revistar jovens que saem de ônibus da zona norte da cidade e fazem ponto final nas praias da zona sul.
A ação ocorrerá principalmente em linhas que saem das favelas do Jacarezinho e de Manguinhos, locais de onde, segundo a polícia, saem os jovens responsáveis por "arrastões".
"Vamos voltar com as operações preventivas. Vivemos uma ressaca de direitos. Mas cada direito implica um dever. Se uma pessoa quer exercer o direito de ir e vir, essa pessoa tem o dever de pagar uma passagem", disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Ele classificou como suspeitos os jovens que chegam às praias sem dinheiro e sem camisa.
A triagem, que vinha sendo feita desde o verão, deixou de acontecer nos últimos dias após uma decisão da 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio.
Na liminar, o magistrado determina que a abordagem aconteça apenas em casos de flagrante.
"Conseguiram constranger a polícia. Se atua, abusou de poder. Se ela não atua, prevaricou", afirmou Beltrame.
Em relatos nas redes sociais e depoimentos de moradores, PMs teriam deixado de agir apesar do confronto entre grupos de jovens. Em nota, a PM nega e garante ter feito prisões.
"Ela [a decisão] em nenhum momento proíbe a abordagem. O que não pode haver é detenção ou apreensão por suspeita de que vá cometer um crime", afirmou o conselheiro da OAB-RJ Breno Melaragno.
ABUSOS
O coordenador do Centro de Apoio Operacional de Infância e Juventude do Ministério Público do Rio, Marcos Fagundes, afirma que o fato de um adolescente estar sem dinheiro para voltar de ônibus não é uma atitude suspeita nem de vulnerabilidade.
"Ele pode pegar dinheiro emprestado, dormir na casa de um parente na zona sul. Não é vulnerável apenas nessa condição".
Ele diz que houve abusos nesta classificação no verão passado.
"Recebíamos cerca de 70 crianças e adolescentes, mas apenas quatro ficavam apreendidos. Houve caso de jovem que estava indo ao dentista e foi levado".