João Maceno Pinheiro (1927-2015)
Habilidoso, projetou casa e fez cadeira de rodas
João Maceno Pinheiro, dono do posto Xaranga e habilidoso para consertar carros, era personagem conhecido na Aclimação, no centro de São Paulo. Sentava-se na entrada de casa com a filha e era saudado pelos amigos em série: "Oi, seu Pinheiro!".
Ficou ainda mais conhecido ao sofrer em 1978 uma tentativa de assalto no posto, situado no coração do bairro. Apontaram uma arma, e uma cadelinha o salvou. Seu nome era também Xaranga. Ela saltou sobre os criminosos e levou o tiro endereçado ao dono. Mas sobreviveu, e seu Pinheiro abriu as portas aos cachorros da vizinhança.
Magro, porte elegante, ele estudou contabilidade e trabalhou na Livraria Elite, em São José do Rio Preto (SP), onde nasceu, e por duas décadas no Laboratório Clímax, na Vila Mariana, próximo de casa, já em São Paulo.
Além de mecânica, tinha talento para desenho. Projetou a própria casa na Aclimação, inspirado na Casa Modernista de Warchavchik, ali perto. Criou cadeira de rodas elétrica para um vizinho e montou diversas exposições e um laboratório de revelação para a única filha, Lenise Pinheiro, fotógrafa da Folha.
O primeiro sinal do mal de Alzheimer veio em 2007. "Ele saiu para comprar alianças, porque faria 50 anos de casado", conta a filha. "Mas chegou lá e voltou. Não se lembrava do que tinha ido fazer." Foi diagnosticado no ano seguinte, e a partir daí o declínio foi lento, acelerando-se nos últimos três anos.
Morreu no dia 22, aos 88, devido a um choque séptico. Deixa a mulher, Geny, e a filha. A missa do sétimo dia será às 19h desta segunda (28), na igreja São Luís Gonzaga (av. Paulista, 2.378, Cerqueira César, centro de São Paulo).