PMs têm prisão decretada por forjar tiroteio
Os cinco policiais foram filmados no Rio colocando arma na mão de jovem de 17 anos que havia sido baleado
Ação foi 'abominável', disse o governador Luiz Fernando Pezão; defesa afirma que arma precisava ser destravada
A Justiça do Rio decretou nesta quarta (30) a prisão preventiva dos cinco policiais militares que foram flagrados em vídeo forjando uma troca de tiros no alto do morro da Providência, região central da cidade, na manhã de terça (29).
Eles são acusados de alterar a cena do crime, colocando uma arma na mão de Eduardo Felipe Santos Victor, 17, morto após ser baleado.
Os soldados Éder Ricardo de Siqueira, Gabriel Florindo, Riquelmo de Paula Geraldo, Paulo Roberto da Silva e Pedro Victor da Silva Pena foram para uma prisão especial.
Trocas de tiros forjadas por policiais militares são apontadas como comuns na corporação –uma espécie de "currículo oculto", segundo o promotor Paulo Roberto Cunha, responsável por investigar crimes praticados por PMs.
Especialistas dizem que faltam protocolos no Estado de como a polícia deve agir e a Promotoria, apurar.
"Importante falar em punir exemplarmente, mas isso ainda é pouco. É preciso se precaver antes de acontecer. Eles [os PMs] agiram conforme determina uma subcultura policial", afirma o promotor.
Segundo a PM, os cinco policiais não respondiam a nenhum procedimento administrativo até então. O soldado Éder entrou na corporação em 2011 e os demais, em 2014.
A polícia investiga se eles participaram de outros confrontos com morte no morro da Providência. O grupo integra a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) local, principal programa de segurança do governo do Rio.
O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) pediu desculpas pela atitude dos policiais: "É abominável. É muito triste saber que um agente do Estado agiu dessa forma".
A Polícia Civil já indiciou os PMs sob suspeita de fraude processual. Agora, apura se assassinaram Eduardo, que teve três passagens pela polícia –uma delas por tráfico.
O advogado de quatro dos cinco PMs alegou que os militares fizeram os disparos tentando destravar a arma. "Precisava ser feito o disparo para poder fazer o transporte da arma com segurança", disse o advogado Felipe Simão.
A defesa do soldado Pedro Pena não foi localizada.
Em 2014, 580 pessoas foram mortas no Estado em confrontos com policiais.
"A diferença é que, desta vez, o caso foi filmado", afirma Alexandre Ciconello, da Anistia Internacional.