Pela internet
Fala que eu te escuto
Instituições criam programas para que seus alunos conversem com nativos mesmo a longas distâncias, por meio de chamadas de vídeo on-line
Escolas de idiomas estão recorrendo a programas de ligações pela internet, como o Skype, para colocar alunos em contato com nativos da língua que estudam.
Um exemplo é a experiência Speaking Exchange, do CNA, que, por meio de convênios com abrigos de idosos dos EUA, conecta estudantes a norte-americanos por chamadas de vídeo.
"Não os preparamos para essa comunicação. Eles vão para o mundo real", explica Marcelo Barros, 44, diretor de educação da rede.
As conversas são gravadas, para os professores analisarem o desempenho dos participantes e comentarem os deslizes. "Os jovens, testados em situações reais, voltam mais seguros à sala", diz.
O estudante Djones Rodrigues, 18, participou do programa. "Foi a primeira vez que falei com um nativo. Fiquei tenso, mas depois ganhei confiança", diz.
O piloto começou em oito escolas em São Paulo, e a rede quer expandi-lo para outras unidades.
A Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) tem um programa semelhante, o Teletandem Brasil, para alunos, professores e funcionários.
É baseado no método in-tandem, no qual duas pessoas --uma falante do idioma de interesse da outra-- conversam e se ajudam.
A universidade fez convênios com instituições europeias e americanas para que universitários se falem via Skype, em 12 sessões de uma hora. Antes de começar a conversa, os estudantes recebem algumas orientações.
SEM POLÍTICA NEM SEXO
Uma delas é evitar, ao menos nos primeiros contatos, falar de temas polêmicos, como religião, política e sexo.
"É preciso manter controle do novo vocabulário, acessar informações sobre gramática e escrever pequenos parágrafos, e depois textos mais longos, sobre o que foi aprendido", aponta João Telles, 60, professor da Unesp e coordenador do projeto.
Quem quiser conversar online também pode usar redes sociais como o Livemocha (livemocha.com) e o Busuu (busuu.com). Para aproveitar a experiência, porém, é preciso definir objetivos, diz Cristina Shibuya, 56, coordenadora de cursos e exames do Goethe-Institut São Paulo.
É importante escolher pessoas com interesses semelhantes, sugere Vera Menezes, 66, professora da Faculdade de Letras da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Segundo ela, "o vocabulário e as estruturas básicas da conversa são mais facilmente apreendidos."