Crime sem castigo
As dimensões do contrabando no Brasil são desconhecidas. As estimativas existentes são feitas a partir do que é apreendido pela Receita e pela Polícia Federal --apenas uma fração do que entra ilegalmente no país-- e de pesquisas de campo sobre hábitos de consumo, patrocinadas pela indústria afetada.
Por esses parâmetros, aponta-se uma perda de quase R$ 100 bilhões por ano, o equivalente ao PIB de um país como o Panamá.
Neste caderno, a Folha aprofunda o debate apresentado na reportagem multimídia "Crime sem Castigo" (folha.com/contrabando). Mostra como as quadrilhas crescem e se organizam. Líderes raramente são detidos, e, quando são, estão sujeitos a penas de até cinco anos, se desconsiderados agravantes. É pouco para frear o negócio, que avança embalado por baixos preços obtidos à custa de sonegação e de mão de obra informal.
Traz também sugestões de especialistas que participaram do "Fórum o Contrabando no Brasil", nos dias 18 e 19 de março. Para setores da indústria, a solução passa por uma revisão jurídica e tributária e pela ação conjunta com países vizinhos. O governo defende coordenação entre os órgãos de combate.
Entre as consequências do contrabando, estão riscos para a saúde do consumidor, que estimula a cadeia criminosa ao financiá-la.