Na expectativa de ir para a água, Medina se apega à fé por título
Três dias se passaram desde que a última etapa do circuito mundial de surfe, na praia de Pipeline, no Havaí, começou. Até agora, apenas surfistas locais foram ao mar, na terça-feira (9), para a triagem, que dá duas vagas no evento principal --as baterias de segunda-feira (8) e quarta-feira (10) foram adiadas.
A Gabriel Medina, 20, não há opção a não ser esperar.
A expectativa crescente no Havaí é um jogo de nervos. Uma prova de fé. Ainda mais para um surfista religioso como o paulista, que embarcou para o Havaí em 21 de novembro e, desde então, só treinou.
As amostras de sua religiosidade estão na rotina. Antes de cada prova, ele se ajoelha e ora. Suas tatuagens exibem família e religião como principais temas. Em uma delas, Jesus está representado.
"Está nas mãos de Deus e, como diz a minha mãe, ninguém é maior do que Deus'", disse o surfista ao comentar as suas chances de título.
Quando não está em viagem, Medina, que é evangélico, gosta de ir à igreja em Maresias, praia de São Sebastião, no litoral de São Paulo, onde mora no Brasil.
Frequenta a Bola de Neve, uma igreja voltada a jovens. Geralmente é acompanhado de sua mãe, Simone.
"O Gabriel tem muita fé. O temor [a Deus] é o que o leva a ser um cara que para para ouvir, absorve e executa", disse Simone, que já está no Havaí para acompanhá-lo.
Medina afirma não ter um ritual. "Eu só peço ajuda e proteção a Deus", diz. No entanto, costuma conversar sobre religião com a mãe, esteja em viagem ou não.
TÉDIO
Para fugir do assédio, Medina fica confinado na casa fornecida por seu patrocinador, a qual divide com o seu maior rival pelo título, o australiano Mick Fanning, 33.
A residência, com seguranças na porta, tem três andares e fica em frente a Pipeline, ao lado da tenda principal montada para o evento. Cada surfista tem seu quarto.
"Tenho ficado muito tempo em casa, sem nada a fazer. Esqueci até o videogame. Estou ansioso", disse Medina, que luta para ser o primeiro brasileiro campeão mundial.
Na segunda (8), o torneio foi adiado devido à alta quantidade de areia no recife, que faz a onda quebrar de forma irregular. Nesta quarta (10), o motivo foram as ondas grandes demais na praia. (EF)