Fifa antecipa para maio de 2015 veto a investidor em negociação
FUTEBOL
Contratos longos podem ser feitos apenas até 31 de dezembro; clubes são afetados
A Fifa decidiu que investidores só poderão participar dos direitos econômicos de jogadores de futebol até maio de 2015, o que afetará diretamente os clubes brasileiros.
Os principais times do país usam o dinheiro de empresas para contratar ou manter atletas em seus elencos.
Os contratos assinados até 31 de dezembro seguem válidos pelo tempo que forem acordados, mas a partir de 1° de janeiro a tendência é que investidores pensem duas vezes antes de colocar dinheiros em jogadores de futebol.
Do início do ano que vem até maio, qualquer acordo só terá validade de um ano.
Essa "janela" em 2015, na opinião do brasileiro que participou da comissão criada pela Fifa para tratar do assunto, pode realizar uma verdadeira correria nesses 12 últimos dias de 2014 para assinaturas de contratos de jogadores com a participação de investidores e clubes.
"Quem assinar hoje (19 de dezembro) pode fazer valer um contrato de cinco anos, que para o investidor interessa, já que tem tempo para que o jogador possa ir bem no clube brasileiro e ser vendido. Mas, se assinar em 1° de janeiro, o contrato vale só por um ano", disse o advogado Marcos Motta, um dos dez membros da comissão.
Exemplo disso foi o acordo firmado nesta sexta (19) entre Palmeiras, investidores e o prodígio da base Gabriel Fernando, 17. A empresa poderá receber parte da venda do atleta pelo tempo do contrato assinado, até 2019.
Marcos Motta ficou surpreso com a inclusão da janela de um ano de contrato entre janeiro e maio, o que, segundo ele, nunca esteve nas conversas da comissão.
Ele defendia transição de até quatro anos para que clubes sul-americanos conseguissem se adaptar a contratar jogadores sem dinheiro de empresas. Ele citou, por exemplo, que o Cruzeiro, campeão brasileiro, só tem dois atletas 100% do clube --Júlio Baptista e Fábio.
"Os clubes vão ter muita dificuldade em contratar e manter jogadores, principalmente os mais jovens. Precisam do oxigênio dessas empresas para mantê-los", disse Marcos Motta.
A advogada Gislaine Nunes, que participa de um projeto chamado de Panela FC,que fatia direitos econômicos na internet, inclusive para pessoas físicas, pensa em acionar a Fifa.
"Mas para isso dependeria da boa vontade do clube em apoiar a ação, que é quem será proibido de fazer negócio comigo", disse Nunes.
Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol do São Paulo, diz que a decisão pode ser boa para os clubes que pretendem apenas negociar entre eles. "Estou tentando não negociar com empresário."
Não ter um período longo de transição é vitória de cartolas europeus sobre sul-americanos, que defendiam um período de transição.
"Não sei quem incluiu a janela de janeiro a maio, mas acredito ter sido a Uefa", disse Motta, que em 22 de janeiro, em Zurique (SUI),terá reunião da comissão que fará a regulamentação da decisão. do Comitê Executivo.