Fábio Seixas
Carros e cabritos
Em meio ao festival de lançamentos, dois times não têm porque fazer alarde com seus carros
Acabou o silêncio, carros estão sendo lançados quase que diariamente, a pré-temporada começa no domingo em Jerez.
A Williams foi a primeira a mostrar seu modelo 2015, elegendo a capa da revista "F1 Racing" como vitrine. A Force India foi até o México apenas para mostrar a nova pintura --o carro era o de 2014, ainda não há data para lançamento do novo. A Lotus mostrou o belo E23 na segunda-feira, com um bico tradicional --alvíssaras. Ontem foi a vez da McLaren. Um modelo com linhas ousadas, embora a grande novidade esteja abaixo da carenagem: o motor Honda.
Hoje o mundo conhecerá a SF15-T, a nova Ferrari, sempre uma atração. Amanhã vem a Toro Rosso.
Sentindo falta de duas equipes?
Não parece coincidência o fato de Red Bull e Mercedes fazerem pouco alarde e deixarem para mostrar seus carros na pista, em pleno teste.
Nenhuma das duas precisa de pirotecnias midiáticas para aparecer. São notícia por si próprias: a Mercedes por ser a atual campeã mundial, a Red Bull pelo orgulho ferido em 2014.
Mais: não têm tempo a perder com preparação para exibições, entrevistas coletivas, oportunidades para fotos e vídeos. Cada dia de trabalho conta. A não-marcação de apresentação formal não implica sucesso, mas mostra o quanto ambas estão empenhadas para que isso aconteça.
Para a Red Bull, esta temporada tem jeitão de tudo ou nada. Depois de quatro anos ganhando tudo, 2014 foi um balde d'água fria. Ok, foi vice-campeã de Construtores. Mas com 58% dos pontos da Mercedes. Viu ainda seu garoto de ouro, Vettel, pedir o boné e se bandear para Maranello. Foi doloroso.
Outro que já está com um pé fora é Newey. O RB11 ainda terá sua grife, mas o projetista cada vez mais se dedica a "outros projetos tecnológicos" da empresa, como anunciado em julho, na renovação do seu contrato.
Um fiasco em 2015 provocará na Red Bull o mesmo terremoto que a (primeira) aposentadoria de Schumacher gerou na Ferrari. O desmantelamento de um time, o fim de uma era, um necessário recomeço.
Para a Mercedes, o desafio é permanecer no topo. A seriedade de agora mostra que, como esperado, os alemães não se deslumbraram com a hegemonia imposta na última temporada.
À exceção de uma ou outra estripulia de Hamilton nas férias, pouco se ouve sobre a preparação do time.
Mas uma rara e boa dica veio de Andrew Green, diretor técnico da Force India: "Pelos dados que analisamos, o motor será ainda melhor que o de 2014. E já há estudos para uma evolução do motor no meio da temporada".
Não, a Mercedes não precisa fazer estardalhaço, barulho, não tem urgência nenhuma de aparecer agora. O bom cabrito não berra, vive dizendo meu pai.