Anderson Silva afirma que não se dopou
UFC
Lutador brasileiro de 39 anos foi flagrado em exame antidoping; atleta pode pegar nove meses de suspensão
Em comunicado oficial à imprensa norte-americana, o lutador brasileiro Anderson Silva, 39, negou que tenha utilizado substâncias proibidas para aumentar o seu desempenho nas lutas de MMA (artes marciais mistas).
"Eu venho competindo neste esporte há muito tempo. Passei por vários exames e nunca tive um resultado positivo. Eu não tomei nenhuma droga para melhorar a minha performance", disse.
"Minha posição sobre drogas é, e sempre será, a mesma. Sou um defensor do esporte limpo", afirmou.
Teste realizado por Anderson em 9 de janeiro apontou uso do esteróide drostanolona e também de androsterona. Com isso, ele fica sujeito a suspensão de nove meses, além de pagamento de multa, se for comprovado o uso das substâncias proibidas.
Segundo a equipe do lutador, Anderson pedirá a contraprova do exame. Ele está suspenso temporariamente.
"Estou consultando meus assessores para ver quais são minhas opções. Pretendo lutar contra essa alegação e limpar o meu nome", completou.
O lutador será ouvido por membros da comissão em uma audiência no dia 17.
RETORNO AO OCTÓGONO
Conhecido como o maior lutador de MMA da história, Anderson retornou ao octógono do UFC na madrugada de domingo (1º), após mais de um ano inativo, na vitória sobre o americano Nick Diaz, que também foi pego no antidoping por uso de maconha.
Anderson começara na segunda a participar das gravações do reality show "The Ultimate Fighter". A Folha apurou que o lutador participou normalmente do programa até terça (3). Segundo o UFC, ele continuará no show.
No fim da noite de terça-feira o UFC divulgou nota informando que Anderson Silva havia sido flagrado no teste fora de competição.
O UFC alega ter sido informado do resultado positivo no exame na própria terça-feira pela Comissão Atlética do Estado de Nevada, nos Estados Unidos.
A comissão é o órgão regulador do esporte ligado ao governo. É a comissão que "encomenda" os testes para o Laboratório de Pesquisa de Medicina Esportiva e Exames de Utah e que depois repassa para o UFC, procedimento idêntico ao adotado com as firmas que promovem lutas de boxe.
EXAME ATRASADO
O laboratório justificou a demora em apresentar o resultado do teste do "Spider".
"Quem faz a coleta marca a prova com um número, não com o nome. O analista no laboratório não faz ideia de quem está sendo examinado", justificou Daniel Eichner, diretor-executivo do laboratório, ao explicar que não é pautado pela data em que acontecem os eventos.
"Por isso não tem como impor mais ou menos urgência aos exames. Na Olimpíada tem gente que corre dopada e que depois tem a medalha cassada", completou.
Como uma empresa privada, sem estar ligada à Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), o UFC pode aplicar a punição que desejar ao brasileiro.
No entanto, se fosse um esporte olímpico, o lutador pegaria no mínimo quatro anos de suspensão, afirma o advogado brasileiro especializado em antidoping, Thomaz Sousa Lima Mattos de Paiva.
"Como o UFC não é vinculado à Wada, a situação é obscura. Não respeitam padrões internacionais do código antidoping. Agora estão tentando seguir, mas não respeitam ainda. Como têm aspiração de ser esporte olímpico, provavelmente vão tentar se adequar. O caminho é longo", diz Mattos de Paiva.
O laboratório que fez o exame de Anderson, por exemplo, não é credenciado pela Agência Mundial Antidoping.