Prancheta do PVC
PAULO VINÍCIUS COELHO
A reforma
A derrota na estreia da Libertadores pode ser a senha para o São Paulo montar um time mais forte
Muricy não superestimou a derrota para o Corinthians. No vestiário do CT da Barra Funda, sexta-feira, tratou dos méritos do rival. A derrota aconteceu contra um time forte e isso foi lembrado. Não significa que o São Paulo não tenha defeitos para corrigir. Tem muitos!
O principal deles é sempre enfrentar as defesas montadas do outro lado. O São Paulo desarmou dezesseis vezes a menos do que o Corinthians, na estreia da Libertadores. Quanto menos o time recupera a bola na intermediária, mais precisa chegar à frente com bola dominada contra o adversário perfeitamente posicionado.
Começava assim a troca de passes sem profundidade do São Paulo. O que deu certo nos últimos jogos são-paulinos foi avançar a marcação para incomodar o primeiro passe. Gil e Felipe foram vigiados por Luís Fabiano e Alan Kardec. Resultado: a bola corintiana saía sempre com Fagner e Fábio Santos, melhores passadores do primeiro tempo. Marcar a saída pelos lados deve ser a primeira tentativa de quem quiser bloquear o novo Corinthians de Tite.
Aumentar o número de desarmes do meio de campo do São Paulo é o primeiro passo para fazer o time ficar mais forte contra o Danúbio e o San Lorenzo.
Na campanha do vice-campeonato brasileiro, o time de Muricy tinha média de 27 desarmes por partida. O Corinthians de Mano Menezes recuperava 22 bolas por jogo. Na Libertadores, o São Paulo desarmou 22 vezes e o Corinthians 37. Não foi à toa ver os atacante de Tite no mano a mano tantas vezes contra a defesa são-paulina.
Antes de contratar Dória e Centurión, a direção do São Paulo tinha a ideia de que o São Paulo precisava de velocidade, porque troca passes insistentemente, mas não se infiltra na defesa rival.
Ser veloz é a premissa da reforma que Muricy precisará promover a partir de quarta-feira, contra o Danúbio.
Foi exatamente o desenho da partida de Itaquera. Dos 18 gols da temporada, 12 foram pela faixa central do gramado. Jogar pelos lados e ter velocidade é outro passo fundamental para aumentar a qualidade da equipe.
O Danúbio é um adversário fraco. Contra o San Lorenzo, deixou espaços demais na defesa e criou apenas quando Fornaroli, ex-Figueirense, aproximou-se do centroavante Castro. No Morumbi, vai se fechar com duas linhas de quatro homens. O São Paulo precisará ser rápido e criativo. É o que tem faltado.
No vestiário do CT, Muricy ressaltou a qualidade do Corinthians e pediu compromisso para iniciar a virada. Nas três vezes em que foi campeão da Libertadores, o São Paulo não venceu na estreia. Nas duas primeiras, com Telê, foi derrotado por 3 x 0 para o Criciúma, 2 x 0 para o Newell's Old Boys.
A derrota na estreia pode ser a senha para montar um time mais forte.
MELHOR ROBINHO
Desde que voltou ao Santos, Robinho só havia feito dois gols em uma mesma partida contra o Botafogo, no Maracanã, pela Copa do Brasil. Ontem, jogou mais. O Santos construiu a vitória pela esquerda, apesar do pênalti discutível, com Robinho justificando sua presença no time.
ERRO NA LATERAL
A torcida do Corinthians não morre de amores por Fagner, mas Edílson não o ameaça. O gol do Ituano nasceu em erro de marcação na direita e o lateral ainda pediu para ser expulso com cotovelada. O elenco do Corinthians não é o melhor do Brasil, o time bem montado é que protege jogadores médios.