Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO
O clássico na oficina
Palmeiras e São Paulo devem usar o clássico para acertar o time e chegar forte à fase decisiva
Telê Santana costuma dizer que os jogos pequenos também deixam lições. Ontem, Muricy viu Alan Kardec jogar bem pela primeira vez no ano. Participou do primeiro gol, marcou dois e cabeceou uma bola na trave. Ewandro foi bem, sem parecer pronto para ser titular, mas Boschillia evolui a cada vez que é escalado.
O Palmeiras é diferente. Três dias antes de jogar o clássico depois de dez sem ganhar, Oswaldo de Oliveira trocou duas posições, mas ainda não conseguiu ver uma equipe envolvente no campo de ataque.
Na soma dos desempenhos de três meses, o lateral Lucas não convence e o zagueiro Vítor Hugo --ótimo-- errou nos gols nas duas derrotas em clássicos.
Lembre-se que o Palmeiras tem vencido os pequenos e perdido para os grandes. Foi derrotado por Ponte Preta, Corinthians e Santos.
A cobrança para Oswaldo escalar jogadores das divisões de base faz sentido. Entre outubro e dezembro, o lateral João Pedro e o zagueiro Nathan foram os destaques da equipe. Como Oswaldo foi demitido do Santos em setembro, a impressão é de que não viu.
São Paulo e Palmeiras têm correções evidentes a fazer. No São Paulo, elas exigem coragem. Comparar Boschillia e Ganso e decidir quem joga.
Ganso é melhor, mas não pode resumir seu jogo à lateral do campo, exigência defensiva do sistema 4-4-2 adotado por Muricy. O técnico não o obriga a ficar ali. Ele é quem tem de entender como marcar e aproveitar a liberdade que possui para criar.
Contra o Corinthians em Itaquera, Ganso desarmou cinco vezes. Mas na soma das três partidas da Libertadores, só finalizou uma vez e deu um passe para alguém chutar a gol. É pouco!
Não que o Palmeiras seja melhor. Nos jogos mais difíceis, o Palmeiras demonstrou dificuldade enorme para entrar na defesa rival, exceto no bom primeiro tempo da Vila Belmiro contra o Santos.
Falta arriscar, coisa que alguns jogadores podem oferecer --o meia Cleiton Xavier, o lateral João Pedro, o atacante Gabriel Jesus.
Cleiton só pode jogar na Copa do Brasil, por causa da estúpida cláusula que limita a 28 jogadores os inscritos no Paulistão. Os outros dois pedem passagem, mas escalá-los exige coragem e certeza de que farão melhor do que Lucas e Cristaldo. Quando entram, fazem mais.
Santos e Corinthians sobram no Paulistão dos jogos minúsculos e dos clássicos às quartas-feiras. Jogar bem agora não leva a lugar nenhum, mas ajuda a dar confiança para quando valer vaga na decisão. O melhor para Palmeiras e São Paulo é usar os jogos atuais para montar o time e chegar forte à etapa decisiva.
Isso exige fazer as escolhas certas e consertar o que for necessário nos jogos difíceis, antes das quartas de final. Por exemplo, o clássico Palmeiras x São Paulo da próxima quarta-feira.
RENASCIDO
A bola de Daniel Alves para Luis Suárez desempatar o clássico e manter o Barcelona na liderança reacende a polêmica sobre seu atual momento. A atual temporada não foi igual a outras, no início de sua trajetória pelo Barça. Mas é útil e pode continuar sendo se houver a transferência para o PSG.
PELO ALTO
Se há uma jogada que castiga o Corinthians é o cruzamento. Dos seis gols sofridos pela equipe --é pouco-- quatro foram pelo alto. O erro não é do miolo de defesa. Parece estar na origem. Fagner e Uendel precisam impedir os cruzamentos. É o erro mais evidente do time, que ainda não perdeu.