Rio-2016
Confederações têm controle falho de doping
Levantamento aponta que 17 entidades que comandam o esporte não possuem setor para avaliar irregularidades
A menos de 14 meses dos Jogos do Rio-2016, o Brasil voltou a ter um laboratório credenciado pela Agência Mundial Antidoping --estava sem um desde agosto de 2013.
Apesar disso, o controle de substâncias proibidas ainda é precário na maioria das entidades esportivas nacionais.
A Folha enviou questionário com seis perguntas sobre prevenção e combate ao doping às 28 confederações esportivas brasileiras com modalidades na Rio-2016.
Dessas, 23 responderam: 17 (ou 74%) não têm departamento de combate ao doping; 13 (ou 56%) não conduzem testes fora de competições, tidos como mais eficazes; e mais da metade admitiu não ter nem médico responsável pelo tema.
A situação se agrava nas entidades de menor porte: golfe, tiro com arco, pentatlo moderno e triatlo, por exemplo, não fazem exames antidoping (leia ao lado).
A Confederação Brasileira de Judô (modalidade nacional com o maior número de medalhas olímpicas) conduziu oito testes em 2014, em atletas da equipe adulta ou em seletivas nacionais.
Há entidades, como a de atletismo e a de natação, que têm estrutura específica e promovem centenas de verificações anualmente.
A CBDA (Confederação de Desportos Aquáticos) vê profusão de testes positivos na natação, seu carro-chefe. De 2001 a 2014, só a China tem mais casos que o Brasil.
O episódio mais recente envolve João Gomes Jr., que participou de três revezamentos que ganharam medalha de ouro no Mundial em piscina curta (25 m) de Doha-2014. Ele está suspenso atualmente.
Sete entidades afirmaram ter tido atletas punidos durante o atual ciclo olímpico (iniciado depois dos Jogos de Londres-2012) devido ao uso de substâncias ilegais.
MUDANÇA
O Brasil ficou de agosto de 2013 a maio passado sem um laboratório credenciado pela Wada. A licença foi reconquistada há um mês.
"Parte da exigência da Wada para creditar novamente o laboratório brasileiro é que a ABCD seja a única autoridade de controle de dopagem no país, e isso foi levado ao ministro [do Esporte, George Hilton]", disse Marco Aurelio Klein, secretário da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem).
Com isso, o órgão vai tirar a atual obrigação das confederações de testar seus atletas. "Isso precisa ser imediato", complementou Klein, para quem cada entidade diz ter ao menos um interlocutor com a ABCD.