Escritor se desculpa por declaração sobre pornografia infantil
Americano John Grisham volta atrás após criticar 'penas exageradas' a pessoas que baixam fotos da web
Autor de best-sellers como 'O Dossiê Pelicano' e 'A Firma" criticou em entrevista sistema penal dos EUA
Em um comunicado oficial divulgado em seu site, o escritor John Grisham, 59, pediu nesta quinta (16) desculpas por comentários feitos por ele na véspera sobre pornografia infantil.
"Qualquer pessoa que prejudicar uma criança por lucro ou prazer, ou que participar de qualquer forma de pornografia infantil --on-line ou por outros meios-- deve ser punido na forma mais severa da lei", diz o texto publicado nesta quinta (16).
Na quarta (15), em entrevista ao jornal britânico "The Telegraph", o autor de thrillers que venderam milhões de exemplares como "O Dossiê Pelicano" e "A Firma" criticou as "penas exageradas" aplicadas a quem recebe e vê pornografia infantil nos EUA.
Ele afirmou que "nem todos que recebem pornografia infantil são pedófilos" e que aqueles que veem esse tipo de imagens no computador "provavelmente beberam demais".
"As cadeias ficam cheias de homens de meia idade e cabelos brancos como eu, que nunca machucaram ninguém, que nunca encostariam numa criança", afirmou. "Eles merecem receber uma punição, qualquer que seja, mas dez anos de cadeia?"
Na entrevista, o escritor ainda contou a história de um amigo de faculdade --alcoólatra na época-- que ficou preso durante três anos no Canadá por ver imagens sexuais com menores de idade.
O escritor, no entanto, afirmou que "pedófilos de verdade" deveriam ser presos, mas que "muitas dessas pessoas não mereciam as duras penas que estão recebendo".
A pena média nos EUA para quem possui, mas não produz, pornografia infantil dobrou entre 2004 e 2010, de 4,5 anos para aproximadamente oito anos, segundo um relatório publicado em 2012 pela comissão de sentenciamento americana.
ARREPENDIMENTO
Em seu pedido de desculpas, Grisham escreveu que "não pretendia com seus comentários demonstrar simpatia àqueles condenados por crimes sexuais, especialmente o abuso de crianças".
"Não consigo pensar em nada mais desprezível", escreveu. "Me arrependo por ter feito esses comentários e peço desculpas a todos."
Entidades contra o abuso infantil criticaram as declarações. Jon Brown, da associação inglesa de combate à crueldade infantil, declarou à BBC que os comentários do escritor passam "uma mensagem perigosa de que só olhar para as imagens não causa nenhum mal".
"Na verdade, todas as imagens são de crianças reais que sofreram. Cada vez que o conteúdo é acessado ou baixado, cria-se uma demanda que, ao final, incentiva mais abusos", afirmou.