TV se apaixona por comédias românticas
Em baixa no cinema, gênero se recicla em novas séries como 'A to Z', 'You're the Worst' e 'Manhattan Love Story'
Produções televisivas atualizam fórmulas e retratam casais que já estão juntos ou que estão fadados a terminar
Garota conhece garoto, os dois se apaixonam, mas uma série de empecilhos e mal-entendidos faz com que meses ou até anos se passem até que tudo dê certo. A fórmula típica das comédias românticas, em baixa nos cinemas, ganha nova chance na televisão.
Se no início da década o gênero enchia as salas de cinema com filmes protagonizados por Hugh Grant e Sandra Bullock, hoje o estilo parece ter sumido da programação.
Na TV, porém, as séries que giram em torno de encontros e desencontros entre casais está em alta, com o lançamento das séries "Manhattan Love Story", "Marry Me", "You're the Worst", "Selfie" (exibida no Brasil pela Warner) e "A to Z" na última temporada de estreias. Em todas elas, o romance é o mote e não apenas parte de uma história secundária.
Para o jornal "The New York Times", as novas séries bebem na fonte de Nora Ephron, responsável por sucessos do cinema como "Harry & Sally - Feitos um para o Outro" (1989), mas refrescam o gênero.
"A to Z", por exemplo, conta uma história romântica revelando um final inesperado: o casal central irá terminar o relacionamento em apenas oito meses. Já em "Manhattan Love Story" o público sabe exatamente o que cada personagem está pensando por meio de narrações em off.
"Marry Me", protagonizada por Casey Wilson ("Happy Endings"), por outro lado, apresenta uma história pouco contada nos filmes, que costumam se centrar no início dos relacionamentos. A série começa com um casal que já está junto --mas que passará pelos perrengues de sempre antes de chegar ao altar.
Já "You're the Worst", um dos destaques da temporada, aposta num par romântico pouco ortodoxo para o gênero: ele é cínico e ranzinza e ela é imatura e pouco afeita a comprometimentos.
Para Stephen Falk, criador da série, as comédias românticas estavam morrendo por apostarem na mesma fórmula, mas estão sendo renovadas por abordagens mais criativas na televisão.
"Estávamos na parte de baixo da montanha-russa e agora começamos a subir de novo", disse ao site "Vulture". "O amor é o tema mais universal em que conseguimos pensar."
A TV, aponta a crítica do site "Slate" Willa Paskin em artigo publicado na última semana sobre a temporada da comédia romântica, leva a vantagem de poder explorar a história mais a fundo em comparação com o cinema, que só tem cerca de duas horas para apresentar os personagens e concluir a trama.
Segundo as criadoras de séries Mindy Kaling, de "Projeto Mindy", exibida no canal TBS muitodivertido, e Elizabeth Meriwether, de "New Girl", da Fox, fãs declaradas de comédias românticas, a TV dá ao gênero um espaço que não interessa mais ao cinema.
"Não acho que haja espaço no cinema para as histórias que quero contar: pequenas, honestas, e que não tenham norte-coreanos invadindo a Casa Branca", afirmou Meriwether em julho.