Crítica - Ação
'November Man' parece um 007 esquecido da década de 1990
O ESFORÇO PARA HUMANIZAR OS PERSONAGENS ACABA ENTERRADO SOB UMA SÉRIE DE CLICHÊS DE FILMES DE ESPIONAGEM
DOUGLAS LAMBERT EDITOR-ASSISTENTE DA "TV FOLHA"Uma das regras da espionagem mundial, pelo menos no cinema, diz que seus atores não devem criar vínculos afetivos. Mulheres têm de ser descartáveis, mero divertimento, e a família é algo a ser esquecido. Estabelecer relações afetivas duradouras é um jogo perigoso, pois, invariavelmente, elas acabarão sendo usadas pelo inimigo.
Nesse contexto, o principal mérito de "November Man - Um Espião Nunca Morre" está na tentativa de humanizar seus personagens.
Devereaux, o espião veterano interpretado por Pierce Brosnan, é um sujeito contraditório que prega total alienação ao pupilo ao mesmo tempo em que mantém uma família secreta. Desse conflito surge a melhor cena do filme, ainda que não seja suficiente para segurar a história.
JAMES BOND
O roteiro parece o de um 007 esquecido da década de 1990. Está quase tudo lá: a cena de ação antes dos créditos iniciais, o título cafona, os vilões carismáticos, as perseguições, os russos... A lista é enorme e só não inclui o sangue escorrendo após o tiro na tela.
Escalar Brosnan, que interpretou James Bond em quatro filmes, como o personagem principal e Olga Kurylenko, a bondgirl de "Quantum of Solace", como a mocinha, não ajudou.
Assim, o esforço em criar um espião humanizado acaba enterrado sob uma série de clichês. O espião contraditório, que luta ao mesmo tempo contra os russos e suas próprias convicções, acaba reduzido a um James Bond aposentado.