Onde não está Pharrell?
Midas da vez no pop mundial, americano autor do hit 'Happy', vem ao Brasil 2 vezes neste ano, para Lollapalooza e show ecológico
Seu toque de Midas é precioso em música, cinema, televisão, internet, moda, ecologia. Nos últimos dois anos, tem sido difícil não cantar, ver ou até ler Pharrell Williams discorrendo sobre o futuro do planeta por aí.
O americano de 41 anos é o autor do hit "Happy", da trilha do filme "Meu Malvado Favorito 2", o primeiro a ter um clipe de 24 horas de duração, imitado e viralizado na internet com vídeos caseiros de pessoas dançando pelas ruas. É também parceiro nos sucessos que dominaram as paradas entre 2013 e 2014: "Blurred Lines" (com Robin Thicke), "Get Lucky" e "Lose Yourself to Dance" (ambos com o duo francês Daft Punk).
Não contente, é ainda designer de moda premiado, empresário, jurado na versão americana do programa "The Voice", ativista ecológico. Até em "Os Simpsons" estará no próximo mês. Fará participação como se fosse convidado a escrever um hino para a cidade fictícia de Springfield.
No Brasil, onde não se apresenta desde 2010, também não será tão difícil vê-lo ao vivo neste ano. Devem ser duas as chances. O cantor e produtor musical --funções pelas quais é mais conhecido-- é um dos destaques do festival Lollapalooza, em São Paulo, no final de março.
Pharrell está escalado para o segundo dia do evento, 29 (domingo), data em que também tocam, entre outros, o DJ escocês Calvin Harris e a banda americana de rock Smashing Pumpkins.
A segunda visita, esta no Rio, deve ocorrer menos de três meses depois. Pharrell, em entrevista à Folha, por telefone, conta que fará apresentação no evento Live Earth, campanha encabeçada por ele e o ex-vice-presidente americano Al Gore, dedicada a alertar sobre os efeitos do aquecimento global. Sobre os demais artistas escalados, porém, faz mistério.
Foi, aliás, na edição de estreia do Live Earth, em 2007, que Pharrell fez show pela primeira vez no Brasil. Agora, em 18 de junho, simultaneamente em sete continentes --inclusive na Antártida--, ao todo, cerca de cem artistas estarão reunidos para chamar a atenção para o aumento da temperatura na Terra e, assim, pressionar um acordo nas Nações Unidas.
"Nós só temos uma casa. Ficamos falando sobre colonizar Marte, mas, até onde sei, só temos essa Terra onde vivemos agora. Estamos a 50 anos de alguém poder viver em Marte. Temos que tomar conta daqui", enfatiza ele, falando de Los Angeles.
Para o evento, é esperada uma audiência de 2 bilhões de pessoas, em 193 canais de televisão mundo afora.
SEM MÁGICA
Quando não está falando sobre ciência, porém, Pharrell gosta de ser menos assertivo. Atribui totalmente ao público o sucesso de "Happy" --canção número um da parada americana em 2014, com mais de 6 milhões de cópias vendidas e 560 milhões de visualizações só no seu clipe oficial no YouTube.
"Não sei o que fez as pessoas gostarem da música. Essa é a grande questão sobre a humanidade: você nunca sabe. Tudo que eu sei é que era uma mensagem positiva, mas não é uma coisa que planejei que acabaria assim. É um presente que tenha acontecido dessa forma, porque as pessoas responderam da maneira que escolheram", conta.
A tal da maneira já o fez chorar no programa da apresentadora Oprah Winfrey, vendo uma compilação de vídeos de fãs dançando a música, e até levou à prisão um grupo de seis jovens iranianos. Punidos pelo regime por "desrespeito" (homens e mulheres dançavam juntos e elas estavam sem véu), foram soltos após pedido de desculpas televisionado no país.
Poderá criar algo maior que "Happy"? "Acho que isso não tem nada a ver com o prazer da música. Você não pensa em fazer algo grandioso e faz algo grandioso. Eu me preocupo com o sentimento que dá quando você ouve uma canção. Isso importa mais que qualquer coisa."