Escritor Terry Pratchett morre aos 66
Diagnosticado com alzheimer em 2007, autor se destacou pelos romances de humor e fantasia de 'Discworld'
Ativista em defesa do direito à eutanásia, britânico escreveu até 2014 e vendeu 85 milhões de livros
O britânico Terry Pratchett, autor dos romances de fantasia e humor da série "Discworld", morreu nesta quinta (12), aos 66 anos. Diagnosticado em 2007 com mal de Alzheimer, ele sofreu neste ano uma infecção pulmonar, da qual não se recuperou.
Morreu em casa, com a família ao lado "e o gato dormindo em sua cama", segundo comunicado de sua editora, a Transworld.
Pratchett enfrentou o alzheimer de forma pública. Em dezembro de 2007, anunciou que estava no estágio inicial da doença. Fez doações ao instituto Alzheimer Research Trust e filmou o documentário "Choosing to Die" (2011), abordando sua doença.
Defensor do direito à morte assistida, o autor disse ao jornal "The Telegraph", em 2013, que queria morrer na data em que escolhesse, "bebendo um excelente brandy e ouvindo o meu iPod".
"Nos últimos anos, era a escrita que o mantinha vivo", disse Larry Finlay, da Transworld. O autor terminou o último livro, um romance da série "Discworld", em 2014, antes de entrar nos estágios finais do Alzheimer.
Pratchett foi jornalista dos 17 aos 39 anos, primeiro como repórter em jornais do interior e depois como assessor de imprensa da estatal britânica de eletricidade. Foi nesse emprego que bolou o universo de "Discworld".
À primeira vista, é só uma paródia da cosmologia do tipo "Terra plana" dos povos antigos, com o potencial de absurdo elevado à enésima potência. O planeta em forma de pizza é sustentado por quatro elefantes, que, por sua vez, estão encarapitados no casco de uma tartagura.
O Mundo do Disco é povoado por magos picaretas, bárbaros analfabetos e até versões amalucadas do antigo Egito e da Grécia clássica.
Mestre das pequenas piadas dos grandes absurdos, ele era capaz de transformar gêneros ossificados por clichês, como a fantasia, o horror e o policial, em monstrinhos hilariantes e, ao mesmo tempo, mortalmente sérios.
No total, vendeu 85 milhões de livros, em 37 idiomas. Em 2009, foi nomeado cavaleiro da Ordem do Império Britânico, pelos serviços prestados à literatura.
No Brasil, teve livros publicados pela Conrad. Em 2013, a Bertrand Brasil adquiriu os direitos de sua obra adulta e juvenil. O primeiro, "Pequenos Deuses", sai em abril.
Ele deixa mulher, Lyn, e filha, Rhianna.