Rock in Rio devolverá R$ 4 milhões captados por meio da Lei Rouanet
Em pré-venda, festival cobrou R$ 60 a mais pelo ingresso do que aprovado pelo Ministério da Cultura
Venda geral de entradas começa nesta quinta; ingressos custarão R$ 350, R$ 90 mais do que autorizado pelo MinC
O festival Rock in Rio anunciou na tarde desta terça (7) que devolverá ao Ministério da Cultura R$ 4,04 milhões captados via Lei Rouanet para a realização do evento em setembro deste ano.
Em nota enviada à Folha, a organização diz que a decisão pelo cancelamento do incentivo foi tomada por não haver "tempo hábil para aguardar o retorno do Ministério da Cultura sobre o pedido de reajuste de preços dos ingressos do Rock in Rio ocasionado pela alta do dólar e pela inflação".
A venda geral de ingressos será aberta nesta quinta (9), pela internet, a R$ 350 cada entrada inteira para cada dia (R$ 175 a meia-entrada).
O festival precisaria de autorização do Ministério da Cultura para elevar o preço das entradas a R$ 350, já que no projeto de captação de recursos autorizado pelo MinC a produtora afirmava que os tíquetes custariam R$ 90 menos, R$ 260. A informação foi revelada pela Folha em 1º/4.
Com a decisão de devolver o valor captado via renúncia fiscal, o festival pode cobrar quanto quiser pelo ingresso. Não terá prejuízo, pelo contrário: ao renunciar ao benefício e praticar seu próprio preço, deverá arrecadar cerca de R$ 40 milhões a mais do que se vendesse pelo valor acertado com o MinC.
Aprovado no ano passado, o projeto de incentivo permitiria que o Rock in Rio recebesse até R$ 18,3 milhões de empresas interessadas em colaborar com o festival em troca de renúncia fiscal.
Até o início deste mês, R$ 4,04 milhões já haviam sido captados. Conforme a produtora, o valor cobriria 6,6% do custo total do festival, que será realizado nos dias 18, 19, 20, 24, 25, 26 e 27 de setembro.
Segundo a assessoria de imprensa do festival, as empresas que já haviam se comprometido com o evento seguem como patrocinadoras: Correios, que contribuiu com R$ 2,04 milhões via Rouanet, Colgate, que deu R$ 1,5 milhão, e Sky, com R$ 500 mil.
Em novembro passado, antes de autorização do MinC, o festival vendeu um lote de 100 mil ingressos a R$ 320 --R$ 60 mais do que o aprovado pela Rouanet.
O festival tinha até esta terça (7) para prestar esclarecimentos ao MinC por causa da irregularidade. O ministério diz ter sido comunicado pela produtora, por telefone, sobre a devolução dos recursos captados, e agora aguarda documentação oficial.
Em nota, a organização diz que "reafirma, assim, o seu respeito ao público, a transparência de suas ações e o compromisso de honrar todas as suas obrigações empresariais com bandas, órgãos públicos, parceiros e fornecedores".