Com alta de público e corte de gastos, MIS celebra 45 anos
Museu da Imagem e do Som fará programação especial neste fim de semana
Espaço recebeu 600 mil pessoas em 2014, ante as 44 mil de 2009; mas neste ano seu orçamento teve redução de R$ 1,5 mi
O MIS - Museu da Imagem e do Som de São Paulo celebra seus 45 anos com uma programação que vai desta sexta (29) até domingo (31).
O aniversário abarca atrações variadas, de debate com o cantor Ney Matogrosso à projeção do filme "O Mágico de Oz", com o álbum "Dark Side of the Moon" tocado ao vivo por uma banda, e reedições de feiras que ocupam periodicamente o jardim da instituição (leia ao lado).
As atrações são um "apanhado de todas as frentes com que o museu trabalha", explica André Sturm, diretor do MIS desde junho de 2011.
Fundado em 1970, o MIS teve sedes provisórias no bairro do Campos Elísios e na região da avenida Paulista. Cinco anos depois, chegou ao prédio atual, no Jardim Europa, com acervo que reunia depoimentos de artistas como Tarsila do Amaral e uma mostra que resgatava importantes fotos da história paulistana.
Hoje sua coleção conta mais de 200 mil itens, com arquivos de áudio, vídeo e som. Entre as raridades, explica Patricia Lira, coordenadora do acervo, estão 70 filmes em formato Super-8 e 6.000 discos de MPB da década de 1930.
No último fim de semana, o museu também recebeu parte dos 945 itens que catalogou no apartamento do músico Renato Russo (1960-96), no Rio, e que fará parte de uma exposição em 2017.
CRESCIMENTO
Nos últimos cinco anos, o MIS teve um salto de público. Em 2009, recebeu 44 mil visitantes. No ano passado, foram mais de 600 mil. Só a exposição sobre o programa "Castelo Rá-Tim-Bum" (em cartaz de julho de 2014 a janeiro de 2015) atraiu mais de 400 mil.
Desde que Sturm assumiu, o museu tem se voltado a mostras de maior apelo popular, como as do cineasta Stanley Kubrick (2013-14) e a do músico inglês David Bowie (2014).
"Eu acho uma obrigação [atrair muitos visitantes]. Um museu público não pode viver às moscas", diz o diretor. "Mas é preciso ter uma boa programação. O número de pessoas não pode ser a única medida de qualidade."
Mas, após um crescimento --o orçamento do governo do Estado para a instituição passou de R$ 9,5 mi em 2013 para R$ 10,5 mi em 2014-- o museu sofreu neste ano um corte da Secretaria de Cultura. Demitiu 13 funcionários e seu orçamento foi reduzido em cerca de R$ 1,5 mi, diz Sturm.
O aumento de público também atraiu grandes filas, que dobravam o quarteirão e levaram a reclamações pontuais de vizinhos, as quais Sturm considera um "ruído". "Foi uma reação de meia dúzia de pessoas. Não há nenhum tipo de dano efetivo à vizinhança."
No ano passado, o vizinho MuBE (Museu Brasileiro da Escultura) ergueu uma grade para separar o jardim que integrava os dois museus e preservar o seu lado do gramado.
Para contornar as filas, o MIS passou a adotou um sistema de agendamento de horário para seus visitantes.
No caminho para meia década de vida, o museu prepara uma exposição para 2016 sobre o cineasta Tim Burton, a mesma que passou pelo MoMA de Nova York há cinco anos.