Número de público do Rock in Rio nos EUA é contestado
Para polícia de Las Vegas, 30 mil foram a evento; organização divulga 48 mil
Estreia do festival no mercado americano deu prejuízo; fiasco é tema de reportagens na imprensa do país
O Rock in Rio começou a atuar no concorrido mercado norte-americano de festivais de música nos dias 8, 9, 15 e 16 de maio, os dois fins de semana em que o evento de DNA brasileiro foi realizado em Las Vegas, com 172 mil ingressos vendidos, segundo os organizadores. Mas a polícia da cidade tem números diferentes.
A revista "Billboard" e jornais locais como o "Las Vegas Sun" publicaram reportagens nas quais o Departamento de Polícia de Las Vegas aponta que o dia de encerramento do Rock in Rio USA, que teve como atração principal o cantor Bruno Mars, reuniu 29.175 pessoas ""menos do que os 48 mil divulgados pelos organizadores para aquela data.
A capacidade do espaço batizado como City of Rock é de 85 mil pessoas por dia. Vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina, 37, contesta os dados da polícia: "Fizemos um controle de acesso a partir de quantas pulseiras passaram pelos portões do evento. É um controle exato".
O investimento para colocar o Rock in Rio USA em pé foi de US$ 75 milhões (R$ 238 milhões) --dos quais US$ 25 milhões (R$ 79,2 mi) foram gastos pela MGM, sócia na operação, na construção da City of Rock. O festival fechou no vermelho --Medina não quis dizer qual foi seu prejuízo e afirma que o resultado financeiro foi "normal". "A primeira edição sempre é uma edição de investimento. A de Las Vegas foi como todas as outras, inclusive como a primeira, no Brasil (em 1985)."
Além de Bruno Mars, nomes como Taylor Swift, No Doubt, Metallica e Ivete Sangalo, entre outros, se apresentaram no festival.
Para o próximo Rock in Rio USA, em 2017, Medina diz que o modelo pode mudar, também em relação à duração. "Estamos fazendo reuniões para entender se existe um formato melhor. No longo prazo a intenção é estender o festival por mais dias".
CONCORRÊNCIA
Nascido no Brasil e com primos em Portugal e na Espanha, o Rock in Rio, ao avançar em direção aos EUA, entra para competir em um dos mais concorridos mercados de festivais de música do mundo. Bonnaroo, Coachella, Lollapalooza, SXSW, por exemplo, são algumas das marcas já consolidadas no país.
Além da concorrência em alcance nacional, o Rock in Rio enfrentará adversários em nível local. Las Vegas tornou-se recentemente o principal destino norte-americano para quem procura festivais de música eletrônica, graças a eventos como o Electric Daisy Carnival, que em 2014 vendeu quase 400 mil ingressos para os três dias de evento.
Para Medina, ainda assim há espaço para o Rock in Rio USA. "Estamos levando uma novidade para esse mercado: 38% do público que foi ao Rock in Rio USA tinha mais de 36 anos, e isso é um diferencial. É um frequentador mais velho, que não está disposto a encarar camping, poeira, confusão, mas quer continuar indo a festivais, e essa pessoa se identifica com o Rock in Rio."