Coleção apresenta embate à irracionalidade
'Tragédias', de Sêneca, expõe concepção de que homem deve conter paixões para ser feliz
A Folha lança no próximo domingo (2) as "Tragédias", de Lúcio Aneu Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), nas quais o pensador romano expõe sua concepção de que o homem deve conter suas paixões para ser feliz.
Adepto do estoicismo, Sêneca considerava que a natureza é a materialização da razão. Por isso é preciso que o homem viva de acordo com a natureza e ajuste seus desejos às necessidades.
É antinatural desejar bens dispendiosos e prazeres devassos, mas tampouco é natural torturar o corpo e procurar a sujeira. O homem deve buscar só o necessário, e o necessário é um meio-termo que se distingue tanto do excesso quanto da carência.
Mas, se evitar as privações parece razoável, o mesmo não sucede com os excessos. Como estes não respeitam nenhuma medida, constituem a expressão da irracionalidade.
PRAZERES
O grande perigo reside em sucumbir aos prazeres dos sentidos. Com base nesses pressupostos, Sêneca constrói suas tragédias: o homem pode agir racionalmente ou deixar-se subjugar pelas paixões. Qualquer infração à racionalidade traz resultados funestos.
A presente edição inclui três peças. Em "A Loucura de Hércules", o protagonista mata o tirano de Tebas, mas, acometido de loucura, mata sua mulher e seus filhos.
Em "As Troianas", ele expõe as máximas estoicas sobre o poder: "Ninguém mantém por muito tempo um poder violento". Por fim, em "As Fenícias", Édipo pede que sua filha Antígona o deixe só, pois ele teme um novo incesto: "Previno-te: afasta-te de teu pai, afasta-te, virgem".