Depoimento
Com sobrinhos, é fácil esquecer que toda fofura está à venda
É fácil, mesmo para um adulto escaldado, esquecer que o verniz da fofura infantil das animações oculta uma engrenagem poderosa na qual a diversão é apenas um meio –o fim é levar multidões de pais e filhos aos cinemas e atrai-los à enxurrada de subprodutos que nascem do filme.
Para um homem que passa um tempo sem assistir a uma –talvez a minha última tenha sido "Procurando Nemo"– e quer agradar os sobrinhos, tanto mais fácil.
Levei três deles para ver "Minions". Perdi parte do filme enquanto buscava pipoca para os miúdos –antes da sessão, a fila estava impossível.
Gritos e choros pela sala foram outro obstáculo, mas também são parte do pacote.
A epopeia das criaturas amarelas de fala onomatopeica em busca de um malvado para chamar de seu tem tantas referências pop e é feita tão sob medida para agradar aos maiores mercados de língua inglesa do mundo, EUA e Reino Unido –se passa parte em Nova York, parte em Londres–, que o "amarelo minion" da Pantone, embora algo assustador, é uma incontingência do capitalismo sem fofura de Hollywood.
De minha parte, além de prover o lanche dos sobrinhos, a preocupação maior foi dengar a mais miúda e manhosa do trio, que, assustada com cenas sinistras (para quem tem seis anos, algumas são), veio se aninhar no meu colo.
MINIONS
DIREÇÃO Kyle Balda e Pierre Coffin
PRODUÇÃO EUA, 2015, livre
QUANDO em cartaz