Citado como 'tirano' por jornal, Houellebecq ameaça processo
'Le Monde' começou a publicar na segunda (17) um perfil 'não autorizado' do escritor
O escritor Michel Houellebecq deu início a uma batalha contra o jornal "Le Monde" depois que o periódico começou a publicar, na segunda (17), o perfil em seis partes "Seis Vidas de Michel Houellebecq".
O autor de "Submissão" (2015) é descrito como um recluso. Vive no alto de um prédio no 18º distrito de Paris, mas com vista para a periferia. "Ele me explicou que não queria ver nenhum monumento parisiense", disse o jornalista Sylvain Bourmeau, confidente do escritor.
"Próximo à periferia, é prático: pego meu carro e fujo", teria dito o autor a amigos.
Um dos entrevistados (um amigo escritor que Houellebecq admira e que não é identificado) disse que ele "se cercou de uma corte de imperador chinês" e "se apresenta como uma vítima, um ser que sofre. "Na verdade, Houellebecq se transformou em um tirano".
O texto conta ainda que o escritor prepara para 2016 um "Cahier de l'Herne" (coleção biográfica dedicada a nomes consagrados). Escolhe pessoalmente o que entra e descarta episódios de sua vida e autores de que não gosta.
A segunda parte do perfil, publicada nesta terça (18), retrata as entrevistas que Houellebecq deu à revista feminina "20 Ans" antes de ser alçado à fama com "Partículas Elementares" (1998).
Segundo o periódico, Houellebecq não quis cooperar. "Me recuso a falar com vocês e estou pedindo que os outros tomem essa mesma atitude", afirmou em e-mail à Redação.
Acrescentou que decidiu falar em breve à revista do jornal "Le Figaro" –semanal que, segundo o "Monde", Houellebecq "não hesita em chamar carinhosamente de 'torchon' (texto mal escrito)".
O autor disse que, se o "Monde" insistisse na empreitada, não hesitaria em processá-lo. "O procedimento judiciário é simples e mais lucrativo."