Crítica Filme Na TV
De Palma funda com maestria 'Dublê de Corpo' sobre imagens
Se não é quem inaugura, Brian de Palma é quem melhor compreende esse momento capital do cinema, em que as imagens já não surgem da observação do mundo, mas de outras imagens.
É como se o cinema já não tivesse mais o que olhar de novo nas coisas e se refugiasse na bricolagem: em recuperar as imagens e recombiná-las, buscando novos sentidos, a verdade que já não encontra no mundo.
Nesse sentido, "Dublê de Corpo" (14 anos, 1984, TCM, 22h) é como que um resumo do estilo De Palma: seu personagem é um ator de segunda a quem um amigo oferece a chance de ficar em seu belíssimo apartamento.
Nosso claustrofóbico herói viverá aventuras bem mais perigosas do que havia sonhado. Enquanto isso, De Palma conduz o filme com a maestria que poucos cineastas de sua geração possuem: a que lhe permite fundar seu filme sobre imagens, muito mais que sobre palavras.