Dilma só anunciará ministro da Fazenda na 2ª quinzena do mês
Presidente, que levará Mantega à cúpula do G20 na Austrália, diz que revelará nome após dia 16
Meirelles, Barbosa e Trabuco, do Bradesco, são cotados; escolhido terá que implementar pacote de antecessor
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta (5) que deixará o anúncio de seu novo ministro da Fazenda para depois do encontro do G20 (grupo dos 20 países mais ricos), nos dias 15 de 16.
A decisão preocupa conselheiros e assessores da presidente. A avaliação é que o ideal seria Dilma ir para a Austrália levando na comitiva o novo comandante da Fazenda, que teria na cúpula o palco ideal para dar as primeiras sinalizações de correções na política econômica.
Além disso, interlocutores da presidente consideram um erro a atual equipe econômica elaborar um pacote fiscal para reequilibrar as contas públicas, já encomendado por ela ao ministro Guido Mantega, que será implementado por seu substituto.
Dilma oficializou o que vinha dizendo a assessores nos bastidores. Indagada por jornalistas nesta quarta se anunciaria o novo ministro antes de sua viagem à Austrália, Dilma respondeu que "não".
Em seguida, ela foi questionada sobre se iria anunciar só o nome da Fazenda ou todos os novos ministros. Respondeu que seria "por partes".
"Não escolhi ainda", disse, acrescentando que as definições de nomes ficariam para quando voltasse.
Conselheiros da petista dizem compreender a homenagem dela a Mantega, ao levá-lo ao encontro do G20, mas argumentam que o ministro já não tem "mensagem" à comunidade internacional. Um assessor afirma que "todo o mundo", aqui e fora, quer saber o novo nome e ouvir o que tem a dizer o futuro ministro.
Interlocutores de Dilma dizem que, se o escolhido for o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, ele vai querer definir o pacote fiscal. Não tem sentido, diz um conselheiro, o ministro executar medidas do antecessor.
LULA
Meirelles continua sendo o nome preferido do ex-presidente Lula para a Fazenda. O petista apoia ainda outros dois nomes: Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo da Fazenda, e Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, que sinalizou não querer deixar o atual emprego.
Barbosa é visto como o nome que mais agrada ao PT e indicaria um ajuste gradual na política econômica. Meirelles, porém, é considerado por Lula o nome ideal para o momento. A definição do ministro foi tema da conversa de quase seis horas de Dilma e Lula, na terça em Brasília.
Nesta quarta, assessores diziam que nenhuma definição fora tomada no encontro na Granja do Torto, o que acabou confirmado por Dilma.
Na avaliação da equipe presidencial, Dilma reconhece o momento delicado da economia, mas pretende fazer correções sem provocar desemprego nem cortar programas sociais, com ajustes de médio e longo prazos.
Assessores afirmam que uma nova política econômica baseada só em ajuste fiscal não funcionará e citam a Europa como exemplo de falta de resultados do aperto.