Juros, eleições e PIB afetam vagas, dizem analistas
Eleição, ajuste dos juros básicos e incertezas com o crescimento da economia foram fatores citados por economistas para entender a queda inesperada dos postos de trabalho em outubro.
Segundo os especialistas, o fechamento líquido de vagas indica que o mercado, finalmente, passou a refletir com maior clareza as condições econômicas do país.
André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual, afirma que o aumento dos juros entre 2013 e 2014 --a Selic partiu de 7,5% em abril do ano passado até chegar a 11,25% no último mês-- começou a influenciar o mercado de trabalho.
"Fomos forçados a revisar o PIB de 2014 de 0,3% para zero e o de 2015 de 1,3% para 0,8% uma vez que o consumo das famílias começa a se ajustar a condições monetárias mais restritivas."
A consultoria LCA vê a disputa eleitoral como um fator negativo para a confiança do empresariado.
"O saldo foi ruim principalmente pela queda das admissões, e não pelo aumento das demissões. Isso é típico de um momento de maior incerteza", afirma o economista Fábio Romão.
Suas projeções para o PIB são de 0,4%, para 2014, e de 1%, para 2015.
A explicação para o resultado ruim, diz José Márcio Camargo, da consultoria Opus, está no baixo crescimento. Nos dois primeiros trimestres, o país registra recessão técnica, com retrações de 0,2%, no primeiro, e de 0,6%, no segundo.
"Não há como gerar empregos sem crescimento. Uma retração do emprego já era esperada, mas surpreende por ser em outubro, quando normalmente há saldo positivo", diz.
As previsões de crescimento do PIB da Opus são as mais pessimistas encontradas pela Folha. Camargo prevê uma recessão de até 0,5% neste ano seguida de outra de igual magnitude em 2015.