Empresas de cooperados buscam executivos
Uma das maiores dificuldades para as "recuperadas" é lidar com as funções exe- cutivas de estratégia empresarial, algo com que os tra- balhadores da produção não estão acostumados. Quem afirma é o professor Andrés Ruggeri, da Universidade de Buenos Aires.
"Geralmente, só ficam os trabalhadores de chão de fábrica, como se diz no Brasil. Uma alternativa é contratar. A Pigué, uma têxtil, saiu procurando entre alunos de engenharia do último ano", relata. A outra opção é aprender enquanto se desempenha a função.
O hotel Bauen, em Buenos Aires, é uma mistura. Alguns funcionários aprenderam a gerenciar. "Mas, para funções como marketing ou recursos humanos, chamamos jovens que estavam se formando nesses cursos e que viraram cooperados", relata Eva Maria Lossada, 42, a presidente da cooperativa.
O Bauen se tornou uma "recuperada há mais de 11 anos, no "boom" das ocupações. Nos anos 1990, havia algumas empresas assim, mas na crise de 2001 apareceram cerca de 150 casos.
Outra fonte de problemas é a questão legal. No hotel Bauen, por exemplo, a empresa que quebrou não era dona do imóvel.
Segundo Ruggeri, a maioria das empresas que quebraram já pertencia aos credores --entre eles, os trabalhadores. A lei atual prevê a possibilidade de os trabalhadores seguirem usando a fábrica, mas eles precisam acertar com o juiz ou fazer um acerto com os antigos donos.
E é comum que os trabalhadores pressionem deputados ou senadores para pedir que o Estado exproprie e ceda o negócio à cooperativa.
É o que estão fazendo pelo hotel, diz Lossada:
"Queremos que se chegue a um acordo, estamos pressionando faz muito tempo e não mudamos de situação".