Bolsa de SP cai 3,3%, sob efeito da China
Importações chinesas têm retração expressiva, afetando Bovespa e ajudando o dólar a ganhar força no mundo
Preço do barril continua trajetória de queda e leva ação da Petrobras aos menores níveis em mais de nove anos
Sinais de desaceleração da segunda maior economia do mundo, a China, derrubaram os preços das commodities nesta segunda-feira (8) e afetaram as ações das produtoras de matérias-primas.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa cedeu 3,31%, para 50.274 pontos, puxado por ações de Petrobras, Vale e bancos.
Com isso, o índice aprofundou a desvalorização acumulada em 2014 a 2,39%. No mês, a queda chega a 8,13%.
No câmbio, a moeda americana ganhou força, refletindo os dados adversos na Ásia. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 0,88% sobre o real, cotado em R$ 2,613 na venda --maior preço desde 18 de abril de 2005. O dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,65%, para R$ 2,611 --mais alta cotação desde 15 de abril de 2005.
A cotação do barril de petróleo Brent (referência para o mercado internacional e negociado em Londres) continuou a sua rota de queda, fechando em baixa de 4,2%, a US$ 66,19 por barril, menor valor em cinco anos.
O preço do barril vem caindo devindo ao aumento da oferta global e a redução da cotação vem tendo impacto nas ações da Petrobras.
"A Petrobras tem custo de exploração de US$ 55 por barril. Quando o preço [do petróleo] se aproxima disso, limita a margem de ganho da empresa", diz James Gulbrandsen, da gestora NCH Capital.
As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras caíram 6,20% --maior tombo diário desde 29 de outubro--, para R$ 11,50, menor valor desde 28 de abril de 2005. As ordinárias, com direito a voto, recuaram 6,38%, para R$ 10,72 --menor valor desde 3 de agosto de 2004.
EXTERIOR
Na China, as importações caíram 6,7%, maior baixa desde março. O resultado, considerado surpreendente por analistas (esperavam retração menos forte), é mais um indicador de desaceleração chinesa, o que afeta a Vale, que tem no país seu principal comprador.
Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Vale tiveram desvalorização de 3,42%, para R$ 18,06 cada um. O setor siderúrgico também teve baixa: CSN caiu 5,24%, Gerdau recuou 4,39% e a ação preferencial da Usiminas cedeu 3,91%.
Segundo analistas, investidores também aproveitaram o clima de aversão ao risco para vender ações do setor financeiro --que têm forte alta no ano-- e embolsar lucros.
Tiveram retração os papéis de Itaú Unibanco (-3,73%), Banco do Brasil (-5,21%), Bradesco (-5,02%) e Santander Brasil (-2,87%). Os bancos são o segmento com maior peso no Ibovespa.
CÂMBIO
Além da aversão trazida por dados ruins na Ásia, o avanço do dólar, segundo operadores, refletiu as incertezas em relação à economia brasileira. "O novo ministro da Fazenda [Joaquim Levy] agradou, mas o mercado agora espera medidas efetivas para que o governo possa resgatar credibilidade", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Atuações do BC no câmbio nesta segunda-feira amenizaram o avanço da moeda.
Foram dois leilões de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), no total de US$ 689,1 milhões. Também houve leilão de linha de crédito de US$ 1 bilhão para injetar recursos novos no mercado.