Múltis subestimam dívidas, diz BC dos BCs
BIS adverte empresas sobre risco cambial de empréstimos de subsidiárias em emergentes
As empresas brasileiras e as dos demais países emergentes estão, no mínimo, subestimando o peso de suas dívidas feitas no exterior, especialmente aquelas obtidas por meio de suas subsidiárias internacionais.
O alerta consta no mais recente relatório do BIS (Banco Internacional de Compen- sações), considerado o banco central dos bancos centrais, que vê o problema como um risco potencial não apenas para as próprias empresas endividadas mas para a estabilidade financeira internacional.
Entre os riscos apontados estão o de variação cambial, que não estaria sendo corretamente contabilizado nos balanços das subsidiárias internacionais e consolidados no das matrizes.
De acordo com o BIS, há um vácuo metodológico para a contabilização desses financiamentos dentro de uma mesma companhia, além dos respectivos testes de estresse sobre o que ocorreria em cenários hipotéticos de alta variação cambial.
DIVERGÊNCIA DE DADOS
Responsável por acompanhar os fluxos internacionais de recursos entre instituições financeiras, o BIS decidiu confrontar os seus dados com os reportados nos relatório de balanço de pagamentos dos países emergentes.
Descobriu que pelo menos US$ 550 bilhões em empréstimos dentro de uma mes- ma companhia "escaparam" de suas estatísticas de 2005 a 2013 (mais recente informação disponível).
Segundo o BIS, a modalidade de empréstimo por meio de subsidiárias ganhou impulso nos últimos cinco anos, com a popularização das subsidiárias estrangeiras, especialmente com domicílio em paraísos fiscais.
Essas subsidiárias costumam transferir os recursos captados nos EUA e na Europa para a empresa-mãe, localizada nos país emergente, por meio de transferência bancária, empréstimos dentro da mesma empresa e depósitos que não são, necessariamente, no nome da empresa-mãe; podem ser para o pagamento direto de um fornecedor, por exemplo.
BRICS
Juntos, Brasil, China e Rússia receberam pelo menos US$ 20 bilhões em cada trimestre de 2011 ate 2013, segundo o relatório.
O BIS estima que a metade dos US$ 554 bilhões levantados por multinacionais por meio de suas subsidiárias estrangeiras nos últimos cinco anos (até 2013) seja de países emergentes, especialmente China, Índia e Brasil.
"As subsidiárias estrangeiras de empresas de países emergentes do setor não financeiro estão cada vez mais atuando como intermediárias para levantar recursos por meio da emissão de títulos. Apesar disso, as análises esbarram em dificuldades metodológicas e de convenções estatísticas na mensuração de fluxos financeiros entre países e companhias. Essas práticas podem ter consequências relevantes para a estabilidade internacional."