BC conta com corte de gasto para elevar menos taxa de juros
Após alta de 0,5 ponto da semana passada, Copom prevê aperto 'com parcimônia' na política monetária
Entidade prevê que inflação vai subir nos próximos meses, mas entrará em longo declínio ainda em 2015
O Banco Central voltará a elevar a taxa básica de juros, mas usará esse instrumento de combate à inflação com moderação e contando com a ajuda da contenção dos gastos públicos prometida pela nova equipe econômica.
As afirmações fazem parte da ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) divulgada nesta quinta (11), na qual o comitê reafirma que "o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia".
Havia expectativa no mercado de que a ata retificasse essa afirmação, feita na semana passada, e mostrasse mais arrojo no aperto monetário. Mas isso não ocorreu.
No documento, a instituição disse que intensificou o ritmo de aumento dos juros na semana passada por causa da alta do dólar e do reajuste de tarifas e preços controlados pelo governo.
A taxa básica (Selic) subiu de 11% para 11,25% no fim de outubro e para 11,75% ao ano na semana passada. As projeções são que os juros em 2015 não passem de 12,5%, com altas em janeiro e março.
Com juros mais altos, o BC afirma que a recuperação da economia será adiada para o segundo semestre de 2015.
Os controles da inflação e dos gastos públicos, no entanto, são vistos como necessários para recuperar a confiança de consumidores e empresas e os investimentos.
As projeções do BC são que a inflação vai subir nos próximos meses, mas, ainda no próximo ano, entrará "em longo período de declínio".
Só em 2016 ficará perto do centro da meta de 4,5% --hoje está em 6,56% em 12 meses.
O BC incorporou à ata promessas do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Pela primeira vez, fala no cumprimento da meta de superavit das contas públicas não como hipótese, mas como fato.
Afirma que o desempenho do setor público deixará de ser um fator inflacionário e deve ter efeito neutro sobre a atividade. A instituição diz, entretanto, que não se pode descartar a hipótese de uma contenção fiscal que ajude no combate da inflação.
A instituição repete que seria oportuno reduzir a injeção de recursos nos bancos públicos para estimular o crédito subsidiado. O que mudou no discurso é que, agora, o BC vê "elevada probabilidade" de que isso ocorra nos próximos dois anos.