Anunciantes querem rastrear motorista
BMW diz sofrer pressão de grupos publicitários e empresas de tecnologia para fornecer dados de carros conectados
Empresas querem saber se carro está para passar por lanchonete e se há criança provavelmente com fome, diz executivo
Companhias de tecnologia e anunciantes têm pressionado as montadoras para que repassem os dados recolhidos de seus carros conectados, disse a BMW, o que destaca uma preocupação do setor automobilístico ao tentar percorrer o fio da navalha entre o desempenho e a privacidade.
Ian Robertson, conselheiro da montadora, disse que todos os carros que saem das linhas de montagem contam com rede sem fio que poderia transmitir informações de localização, velocidade, aceleração e os passageiros.
"Há muita gente por aí pedindo que lhes entreguemos todos os dados de que dispomos e afirmando que, quando os tiverem, nos dirão o que se pode fazer com eles", disse, durante o Salão do Automóvel de Detroit, acrescentando que isso incluía companhias do "Vale do Silício", além de grupos publicitários.
"E nossa resposta vem sendo: 'Não, obrigado'."
Cerca de dois terços dos carros fabricados hoje dispõem de sensores e sistemas de comunicação que recebem e enviam dados, oferecendo às montadoras o potencial de descobrir mais sobre como os motoristas usam seus veículos. Mas os sistemas também podem fornecer a seguradoras e anunciantes informações pessoais sobre os clientes das montadoras.
A BMW anunciou que usa um firewall para proteger dados cruciais sobre o funcionamento interno do carro. Mas qualquer transmissão de dados desperta preocupação sobre quem poderia ter acesso a essa informação --e o que se poderia fazer com ela.
Adam Jonas, analista do Morgan Stanley, disse que essa "nenhuma montadora quer ser a primeira a baixar a guarda quanto à privacidade de informações e nem se tornar a primeira empresa a ter um carro hackeado, com as más consequências que isso teria para sua imagem".
A Ford foi forçada a um recuo embaraçoso na CES, a feira de eletrônica de Las Vegas, em 2014, quando Jim Farley, então vice-presidente de marketing, disse saber "de todo o mundo que viola a lei porque temos um sensor com GPS em seus carros". Mais tarde, disse que a montadora não rastreava nenhum motorista sem sua permissão.
A escala dos dados recolhidos vai além de registrar a velocidade ou a distância. Num exemplo dos dados que as montadoras poderiam ceder, Robertson disse que a BMW sabia se havia uma criança no carro, baseada nos sensores de peso dos assentos.
"Diversas empresas disseram que gostariam de ter esses dados porque assim saberemos se é um adulto ou uma criança sentado no carro."
Ele disse que os anunciantes também queriam saber por quanto tempo o motor ficava ligado, para que pudessem determinar, "com base no sistema de navegação, que o carro está para passar por um McDonald's, os passageiros estão dentro dele há três horas e a criança provavelmente está com fome".