Crise econômica e política prejudica confiança no país
Pesquisa revela que governo é instituição menos confiável pelo brasileiro; empresas estão em alta
Minoria (37%) dos entrevistados aprova governo; crise da Petrobras faz cair confiança nas estatais
O escândalo de corrupção envolvendo políticos, empresas e a Petrobras, a crise hídrica e a deterioração do cenário econômico arranharam a confiança do brasileiro em suas instituições.
É o que mostra a 15ª edição do "Trust Barometer" (Barômetro da Confiança, em uma tradução livre), levantamento feito em 27 países pela multinacional de relações públicas Edelman.
A pesquisa traz um índice da descrença do brasileiro no governo, empresas, mídia e organizações não governamentais (ONGs).
Entre os entrevistados, só 37% disseram confiar no governo federal, índice que foi de 85% na pesquisa de 2011, primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff, e de 34% em 2014.
No âmbito empresarial, o porte das companhias influenciou na confiança --71% disseram ter credibilidade em grandes empresas. Já estatais, como a Petrobras, foram desacreditadas (46% de confiança). Em 2014, elas contaram com a confiança de 56% dos entrevistados.
A mídia também sofreu arranhões, mas teve a aprovação da maioria (56%), ante 63%, em 2014. O jornalista apareceu como uma das fontes mais confiáveis de informação para 68% dos entrevistados. Representantes do governo ou políticos foram os menos confiáveis.
Para 70% dos entrevistados, as ONGs são instituições de credibilidade. Em 2014, o índice foi de 62%.
Apesar disso, o Brasil não acompanhou o mau humor global. Em uma escala de zero a cem, dois terços dos 27 países envolvidos tiveram índice de confiança inferior a 49. A nota do Brasil foi 50, considerada neutra.
No mundo, essa nota foi 46, afetada por episódios como a intensificação dos conflitos no Oriente Médio e a tensão na Ucrânia, pela epidemia do ebola na África que quase se espalhou, por ataques terroristas e o clima de insegurança de dados pessoais após os ataques cibernéticos contra Apple e Sony.
CENÁRIO EMPRESARIAL
A imagem das empresas brasileiras no exterior também foi afetada. Do total de entrevistados, 38% disseram-se desconfiados em relação às empresas nacionais.
Nesse quesito, o Brasil ficou na 13ª posição, à frente somente da China (36%), da Rússia (35%), da Índia (34%) --integrantes do grupo dos países em desenvolvimento (Brics)-- e do México (31%). Não houve mudança em relação ao ano passado.
Companhias de economias consolidadas, como a dos EUA e de grande parte da Europa, foram preferidas. Lideraram a lista as empresas suecas (76%), canadenses (75%) e alemãs (75%).
O clima positivo para empresas de países em desenvolvimento como o Brasil só foi encontrado nos próprios países em desenvolvimento. Nesses locais, a confiança nas múltis foi de 57%. Nos países desenvolvidos, ela foi de 22%.
Por outro lado, as nações em desenvolvimento têm 77% de confiança em companhias de países desenvolvidos.
Divulgada nesta quinta, a pesquisa contou com 33 mil entrevistados, todos com acesso à internet. A amostra média por país foi de mil pessoas, e 18% tinham nível superior e renda acima da média. Todos responderam a um questionário on-line.