Tributo deixa Brasil para trás, diz guru digital
Para Chris Anderson, impostos inibem o desenvolvimento da tecnologia no país
A tributação sobre equipamentos tecnológicos importados deixará o Brasil para trás na atual fase da revolução digital, o chamado movimento "maker" --que tem como expoente a impressão 3D e é formado por interessados em produzir suas próprias coisas.
A opinião é do empresário e ex-editor da revista tecnológica "Wired", Chris Anderson, um dos principais pensadores da era digital.
"O governo brasileiro tem de entender que vocês não são capazes de fazer tudo sozinhos", disse nesta quarta(4) no evento de tecnologia Campus Party, em São Paulo.
Cofundador e presidente-executivo da 3DRobotics, empresa que fabrica drones nos EUA e no México, Anderson disse que não consegue vender por aqui porque os preços de seus produtos seriam proibitivos. "A menos que fabricasse no Brasil."
Para ele, máquinas como impressoras 3D, que permitem a construção de objetos modelados em computador, deveriam ter menos tributação. "Assim como vocês têm o direito de acessar a internet, têm de exigir o direito de acessar as ferramentas", disse o entusiasta do "faça você mesmo".
"Com os tributos do jeito que são hoje, vocês não conseguem verdadeiramente competir com a China."
RIVALIDADE
Grande parte de sua palestra foi dedicada à rivalidade com a fabricação nesse país asiático, onde estão situados alguns dos principais concorrentes de sua companhia. A força do movimento "maker" na China tornou-se avassaladora, para ele, por causa dos baixos envolvidos na pesquisa e na produção locais.
"A parte ruim disso é que temos de competir com os chineses. A boa é que podemos fazê-lo", disse, minimizando os problemas trabalhistas na China, país que diz ser vítima de uma campanha ideológica acerca do tema.
"Fico maluco quando uma pessoa desvirtua da importância do movimento 'maker' ao falar que há trabalho escravo na China. Essas pessoas já foram para lá?", questionou, citando a experiência de ter visitado "centenas" de fábricas e morado no país comunista.
"Pode ser que você não quisesse estar trabalhando sob aquelas condições, mas as pessoas estão ali e conseguem melhorar a vida de suas famílias assim."
Anderson diz que está à caça de engenheiros brasileiros, categoria que elogiou. "São os melhores do mundo, muito criativos e árduos trabalhadores."