Atraso em rodovia no PA preocupa exportadores
Asfaltamento de 700 km da BR-163, prometido para 2011, é adiado para 2017
Grupos que construíram terminais portuários de grande porte na região Norte temem perdas e pressionam governo
O atraso nas obras da BR-163 está fazendo com que empresas que investiram bilhões em terminais portuários de transporte de grãos no Pará trabalhem abaixo da sua capacidade ou reduzam o ritmo dos investimentos na região.
O governo começou os trabalhos para asfaltar cerca de 700 km de estrada em 2007, prometendo a rodovia pronta em 2011. Faltam 150 quilômetros a serem asfaltados, e a previsão, agora, é que a estrada fique pronta em 2017.
Sem a rodovia, os produtores de soja da região norte de Mato Grosso têm que transportar a produção agrícola em caminhão por mais de 2.000 quilômetros para ser exportada pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
ROTA MAIS BARATA
Pela BR-163, os grãos chegariam ao distrito de Miritituba, em Itaituba (PA), onde, por barcaça, alcançariam outros portos do Estado para então serem exportadas.
O custo de transporte nesse caso pode ser até 70% menor do que pelos portos do Sul e do Sudeste.
Essa rota logística fez com que pelo menos seis grupos econômicos iniciassem a construção de terminais portuários de grande porte, alguns com investimento superiores a R$ 2 bilhões.
A capacidade de transporte de grãos projetada da região é superior a 20 milhões de toneladas/ano, o que equivale a cerca de 1/3 das exportações nacionais atualmente.
As empresas, no entanto, estão preocupadas. A Folha apurou que a Bunge, que está com um terminal pronto desde o início de 2014 com capacidade para transportar 2 milhões de toneladas, está operando com cerca de 25% de sua capacidade.
PISANDO NO FREIO
Outras empresas, como Cianport, Hidrovias do Brasil e Cargill, que previam iniciar este ano o transporte, diminuíram o ritmo de seus projetos. A Cianport já adiou o início do funcionamento do seu projeto para o fim do ano.
O novo ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, está sendo cobrado pelos produtores para resolver os problemas dessa rodovia. Somente nesta semana, ele teve duas reuniões para tratar do tema. Na quarta-feira, ele se encontrou com representantes do setor agrícola.
Em anos anteriores, quando faltavam ainda mais trechos a serem asfaltados, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) fez uma manutenção no trecho em terra, tentando acabar com os atoleiros, comuns no período de chuva, e manter a trafegabilidade.
INTRANSITÁVEL
Mas, segundo o diretor da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Ricardo Tomczyk, em 2014 esse trabalho não teve resultado e a estrada está intransitável no trecho não asfaltado.
De acordo com ele, para 2015, não há mais o que fazer, e a esperança é resolver os problemas para 2016.
"Os projetos prontos e em vias de construir estão prejudicados pela falta da estrada", afirmou Tomczyk, lembrando que o ministro afirmou que não vão faltar recursos para a conclusão da estrada e que foi apresentado um cronograma das obras.
O Dnit informa que todos os contratos de obras estão em andamento e prevê concluir a estrada totalmente em 2017. Segundo o órgão, a estrada vai custar R$ 1,9 bilhão.